São Paulo, sexta-feira, 30 de setembro de 2011

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Família critica administração de legado de Ruth Escobar

Filhas dizem que, por negligência, patrimônio da artista está se deteriorando

Escritório de advocacia Pinheiro Sales, responsável pela gestão há 5 anos, não comentou declarações

GABRIELA MELLÃO

DE SÃO PAULO

Primeiro foi o Alzheimer, que pouco a pouco se apropriou da memória de Ruth Escobar, 75, atriz e produtora cultural luso-brasileira fundamental para o desenvolvimento do teatro moderno do país.
Agora é a memória de seu legado cultural que, segundo Inês Cardoso, uma de suas filhas, está em deterioração.
Inês aponta negligência na administração do patrimônio da artista, que ficou a cargo do escritório de advocacia Pinheiro Sales após determinação da Justiça, há cerca de cinco anos.
"Programas de espetáculos, folhetos, fotos, está tudo estragando por conta de umidade e sujeira em uma das casas da minha mãe, na rua Treze de Maio", afirmou Inês ontem à Folha.
"Está tudo caindo aos pedaços. Tive que brigar para convencer a curadora a trocar o piso de madeira do terraço. No estado em que estava, poderia machucar alguém."
Anteontem, Patrícia, outra filha de Ruth, postou na rede social Facebook uma foto da mãe, debilitada, com mensagens sobre a situação atual da artista e de seus herdeiros.
"A dignidade de uma senhora que fez tanto pela cultura e pela politica cultural e direitos das minorias. Hoje ela sequer tem plano de saúde ou um médico que a acompanhe. É apenas atendida pelo SUS.
Enquanto isso, os que detêm suas contas...", afirmou, em uma das mensagens.
Procurado pela Folha, o escritório Pinheiro Sales não comentou as declarações das filhas de Ruth Escobar.
Informou que apenas a advogada Marília Bueno Pinheiro Franco, no momento inacessível numa viagem, pode responder pelo caso.

CANÇÕES
Ruth Escobar concebeu, entre outras obras, o primeiro festival internacional do teatro moderno, apresentando ao país o trabalho de Bob Wilson e Jerzy Grotowski, entre outros encenadores de prestígio mundial.
A artista foi diagnosticada com o mal de Alzheimer em 2000, um ano antes de criar uma versão de "Os Lusíadas", de Luís Vaz de Camões, seu último trabalho nos palcos, como produtora.
Inês diz que Ruth está bastante debilitada. Há seis meses, com o Alzheimer em estado avançado, deixou de sair de casa e, após um tombo, pouco se levanta da cama.
Conta que se comunica com a mãe colocando canções de Edith Piaf ou Billie Holiday para ela escutar. "Não sei dizer se ela me reconhece. Nunca vou saber", diz.


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