São Paulo, quarta-feira, 30 de outubro de 2002

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Prefeito distribui apito contra crime

DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA

A Prefeitura de Cascavel -município a 498 km de Curitiba- está distribuindo apitos aos moradores de um bairro visado por arrombadores de casas como arma contra a violência.
A distribuição do material começou nesta semana, em fase experimental, no conjunto habitacional Julieta Bueno.

Alarme
O prefeito Edgar Bueno (PDT) batizou o programa de segurança de "Apito Solidário".
De acordo com o prefeito, a iniciativa "não requer gastos e segue a mecânica de um alarme residencial, obviamente de forma simplificada e adaptada às condições das famílias".
O conjunto Julieta Bueno é habitado por famílias de baixa renda. A cidade de Cascavel fica no oeste do Paraná e tem 245 mil habitantes. A base econômica do município é a agricultura.
A idéia é que, a qualquer suspeita de arrombamento de casa ou abordagem de rua, os vizinhos recorram aos apitos para fazer barulho e afugentar o ladrão.
Se a nova "arma" funcionar, o projeto será estendido a outros bairros, segundo o prefeito Edgar Bueno. Ele disse ter encampado a idéia de uma moradora do bairro, que já vinha incentivando o apito entre a vizinhança.
O conjunto habitacional reúne cerca de 500 famílias na região norte da cidade.
Estatísticas da Polícia Militar apontam uma média de 23 ocorrências policiais por mês, entre furtos, arrombamentos, brigas e até mortes.
"Qualquer tentativa de reduzir a violência é válida", afirma o prefeito. Segundo ele, "o sucesso depende apenas da compreensão das famílias".

Críticas
Mas alguns moradores começaram a receber os apitos com descrença na eficácia. "A gente corre o risco de morte se avisar aos vizinhos sobre um assalto, por exemplo", afirma a dona-de-casa Diva Machado, 48.
A iniciativa não inclui aumento do policiamento no bairro. "É do que precisamos", disse o jardineiro Mário Manoel Gonçalves, 50.
Ainda que não condene a idéia, o comandante da Polícia Militar em Cascavel, tenente-coronel Antônio Amauri Ferreira de Lima, quer esperar a medida ser colocada em prática, antes de apostar numa queda da criminalidade na região.
"Tudo depende da seriedade com que a proposta é encarada", disse o policial.
Com o apito, funcionários da prefeitura distribuem um manual com instruções de uso. Dentre outras orientações, alerta que os trotes ou "alarmes falsos" podem inviabilizar a idéia.


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