São Paulo, sábado, 30 de outubro de 2004

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PÓS-REBELIÃO

Andar da Casa de Custódia, no Rio, passa a ser batalhão prisional

PMS presos continuarão em Benfica

MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO

Dois dias após a transferência de policiais militares das carceragens dos batalhões para a Casa de Custódia de Benfica (zona norte do Rio), que fez com que eles organizassem uma rebelião que durou 19 horas, a Secretaria Estadual de Segurança Pública do Rio publicou ontem resolução no "Diário Oficial" transformando o segundo andar do presídio no Batalhão Especial Prisional (BEP) da corporação.
Com a decisão, os PMs presos, que respondem a crimes mas que ainda não foram julgados ou expulsos da corporação, vão permanecer na unidade que tem, no terceiro andar, 57 presos vinculados à facção criminosa CV (Comando Vermelho). Os policiais, que estavam presos em batalhões da PM, contestam a transferência para o presídio sob argumentação de que ela fere o artigo 71 do estatuto da Polícia Militar, que determina que todos os PMs à disposição da Justiça devem ficar detidos em uma unidade exclusivamente militar. O presidente da Assinap (Associação dos Ativos e Inativos da Polícia Militar), Miguel Cordeiro, classificou a medida do governo como uma "safadeza". Ele disse que entrará com um mandado de segurança para anular a transferência e afirma que poderá encaminhar uma representação criminal contra o governo estadual. "Um andar inteiro não pode ser transformado em batalhão. A medida só teria sentido se a unidade toda fosse só de PMs", declarou. A PM decidiu desativar as carceragens dos quartéis sob alegação de que policiais estavam tomando conta de presos nos batalhões em vez de trabalhar no combate à violência nas ruas.
Revoltados com a transferência para a Casa de Custódia de Benfica, que foi palco, em maio, de uma rebelião que deixou 31 mortos, os policiais organizaram um motim que só foi contido após a entrada do Batalhão de Choque na unidade. Parentes dos PMs, que passam o dia em frente ao presídio, temem que eles sejam atacados pelos 57 presos do CV que ainda estão em Benfica. Ao todo, 91 policiais foram transferidos de batalhões -77 foram para Benfica e o restante para o presídio Ary Franco, em Água Santa (zona norte).


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