São Paulo, Terça-feira, 30 de Novembro de 1999


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INVASÃO
Um sargento da PM foi baleado nas costas depois de ser desarmado; 74 presos foram recapturados
Quadrilha com metralhadora resgata 140 presos em delegacia de São Paulo

MARCELO OLIVEIRA
da Reportagem Local

Um grupo formado por 15 homens armados com metralhadoras e fuzis resgatou na madrugada de ontem 140 dos 142 presos do 40º DP (Vila Santa Maria), na zona norte de São Paulo. Um policial militar foi baleado.
Até a noite de ontem, 74 presos haviam sido recapturados e 66 continuavam foragidos. Nenhum integrante da gangue que realizou o resgate foi preso.
O caso do 40º DP foi o nono resgate de presos na Grande São Paulo este ano (leia texto ao lado).
A invasão do DP teve início por volta da 1h20. Cinco homens, que portavam metralhadoras e fuzis, entraram no distrito quando dois policiais militares registravam um caso de roubo.
Segundo o boletim de ocorrência registrado no DP, os PMs estavam com mais oito pessoas envolvidas na ocorrência. De plantão, na delegacia, estavam o delegado José Bernardo de Carvalho Pinto, um investigador, um escrivão e uma carcereira.
O grupo rendeu os plantonistas e os dois PMs, roubando dois revólveres calibre 38 (um de cada policial), além de uma pistola calibre 45 e uma 380, que estavam com o investigador João Marcelo Hernandes, 28.
Após dominar os policiais, um dos integrantes do grupo saiu da delegacia e foi até a rua. Voltou em seguida com o restante do bando, que se dirigiu até a carceragem e rendeu a carcereira Maria Helena do Nascimento Reis, 45. Ela foi obrigada a fornecer as chaves das celas.
Foi nessa segunda etapa do resgate que o sargento da PM Valdivino Dias, 47, foi baleado. Quando o segundo grupo entrou na delegacia, um invasor disse: "Cuidado com o "tiozinho" que ele é ligeiro". Ele se referia ao PM Dias, que, segundo a polícia, pode ter sido reconhecido pelos invasores.
Em seguida, foi ouvido um disparo, que atingiu as costas do sargento e se alojou na traquéia, segundo colegas da vítima, que trabalha na 2ª Companhia, do 18º Batalhão (ao lado do DP).
Após receber primeiros-socorros no Hospital Vila Nova Cachoeirinha, Dias foi transferido para o Hospital da Polícia Militar e, segundo a corporação, seu estado é regular.
A polícia acredita que o bando tinha interesse em presos que estavam nas celas 4 e 5, as primeiras a ser abertas. Somente o corró (nome dado a uma cela pequena, usada para presos recentes) não foi aberto e seus dois integrantes não conseguiram fugir.
Já fora das celas, os presos tentaram escapar pela porta lateral do DP, mas foram surpreendidos por PMs. O grupo saiu então pela porta principal da carceragem, na avenida Emílio Carlos.
Minutos depois, o DP foi cercado por PMs. Houve troca de tiros, e ruas foram interditadas. Os fugitivos entraram em casas e lojas.
Somente por volta das 4h a situação se acalmou, quando mais de 60 presos já haviam sido recapturados. Boa parte em terrenos da rua Aguará, uma via sem saída.
Em uma das celas, a polícia encontrou um celular com carregador e um pager. Também foram encontrados 13 estiletes.


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