São Paulo, Terça-feira, 30 de Novembro de 1999


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Vizinhos pegam roupas e tênis dos fugitivos

da Reportagem Local

Pelo menos uma família que mora na região do 40º DP aproveitou a fuga no distrito e encheu quatro trouxas com roupas, tênis, vasilhas e até comida abandonados pelos fugitivos em suas celas ontem.
A desempregada Giselda Maria Carlos, 44, e a filha Janaína Aparecida Rodrigues Carlos, 16, que moram com mais 12 pessoas em uma casa na Vila Carolina, um bairro perto do DP, encheram várias sacolas no meio do "lixo" deixado pelos presos.
"Nem sei como eu vou fazer para levar tudo isso. Achei até sabão em pó e cebola, que eu não tenho lá em casa", disse Giselda.
Enquanto transeuntes desviavam do lixo, que cheirava mal e cuja parte imprestável já era levada por um caminhão da prefeitura, Giselda e Janaína diziam ter encontrado coisas boas na garimpagem que fizeram.
"Não tenho frescura não, imagina. Está tudo limpinho", disse Giselda, que vasculhava os bolsos das calças dos presos. "Já achei tanta coisa. Quero achar um dinheirinho agora", disse.
A única coisa que Giselda não queria era roupa íntima. "Cueca não. Cueca é embaçado", afirmou.
Mais modesta, Janaína queria apenas achar mais um pé de um dos vários pares de calçado que estava juntando em uma sacola.
Segundo Giselda, sua prima, que esteve na busca, achou uma TV portátil, em cores, no meio dos pertences.

Sem sono
Como muitos moradores do bairro, a professora Eliana Melo, 40, ficou sem dormir ontem.
Fugitivos do 40º DP pularam o muro de sua casa, na rua Aguará, próximo à avenida Emílio Carlos, onde fica o DP, e fugiram pela laje de sua casa. "Eu moro sozinha e via eles passando. Passei a noite inteira acordada, com medo", disse.
Sua casa não foi a única invadida. Em outra casa da rua, sete fugitivos foram pegos de uma vez. Em outra, parte deles se dependurou em uma árvore. Duas casas tiveram os telhados danificados.
Outros moradores, se não acordaram com os tiros disparados na rua, acordaram com a polícia em casa.
"Às 2h30, policiais entraram na minha casa e foram até o telhado procurar fugitivos. Acordei com o barulho deles subindo as escadas", disse a estudante Maria Carolina de Oliveira, 14. (MO)

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