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EDUCAÇÃO
Para deputados, governo é que fez "confusão" com medida; porta-voz diz que não houve erros nos vetos
MP vai clarear dúvidas sobre mensalidade
da Sucursal de Brasília
e free-lance para a Folha
A reação da sociedade à lei que
regula as mensalidades escolares
fez o presidente Fernando Henrique Cardoso anunciar, no fim-de-semana, a edição de uma medida provisória revendo os parâmetros para o aumento das anuidades escolares e a possibilidade
de as escolas expulsarem os alunos que estiverem inadimplentes.
"Não ficaram suficientemente
claros, na lei, alguns pontos que
geraram certa preocupação na
população", disse ontem o porta-voz da Presidência da República,
Georges Lamazière, ao explicar
os motivos que levaram o governo a rever uma lei que o presidente sancionou na quinta-feira.
Segundo Lamazière, não houve
erro do Planalto nos dois vetos e
na sanção dos demais pontos da
lei -inclusive o que tratava da
expulsão dos inadimplentes.
"A intenção era que os vetos sanassem esse problema, mas aparentemente não ficou claro, houve alguma ambiguidade ainda,
então vai-se fazer uma nova MP."
O relator da medida provisória
das mensalidades escolares, deputado Paes Landim (PFL-PI), e
parlamentares da comissão de
Educação da Câmara consideram
que o governo está equivocado na
interpretação dada ao projeto
aprovado pelo Congresso na semana passada, que prevê o cancelamento do contrato e dá margem à expulsão do inadimplente.
"Não há expulsão em momento
algum. Os 90 dias são para os pais
negociarem. A rescisão contratual é de natureza judicial."
O deputado Gilmar Machado
(PT-MG) afirmou que o governo
está criando "confusão" e "tumulto" nas escolas. Segundo ele,
a proposta foi negociada e o texto
aprovado é equilibrado.
"A legislação tem de ser boa para o estudante, mas também deve
permitir que a escola funcione.
Não permitimos que a escola faça
chantagem. Isso está proibido."
O deputado disse que o texto
aprovado não não dá direito a expulsões, mas estabelece prazo para negociação. Se não houver
acordo, a questão deverá ser resolvida na Justiça.
Para Machado, a lei deve dar
mecanismos para que as escolas
possam cobrar. Deputados concordam que existiam alguns abusos com base na MP original.
Segundo eles, havia uma indústria da inadimplência escolar.
Alunos pagavam a matrícula ou
apenas uma mensalidade e ficavam inadimplentes durante o
resto do ano. No período seguinte, o mesmo aluno se matriculava
em outra escola particular e também não pagava o ano todo.
O projeto aprovado mantém o
dispositivo previsto na MP original, proibindo a retenção de documentos, inclusive de transferência, e punições pedagógicas ao
aluno inadimplente.
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