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País tem menos professores do que precisa
DA SUCURSAL DO RIO
Os baixos salários dos professores no Brasil são compensados em parte por algumas características da carreira.
Caso a expansão do ensino
básico (que vai da educação infantil ao ensino médio) continue no mesmo ritmo do atual,
será necessário formar mais
professores. Atualmente, chega
a existir um déficit na formação
de profissionais capacitados
para atender a demanda.
Na prática, isso significa que
dificilmente se encontrará professores desempregados num
futuro próximo. Um estudo
feito pelo sociólogo Simon
Schwartzman com base nos resultados dos censos do MEC
estimou que, em 1998, o Brasil
formava 84 mil professores em
potenciais, ou seja, alunos que
escolheram carreiras nas quais
podiam optar por seguir a carreira do magistério.
De acordo com a estimativa
de Schwartzman, considerando que é necessário repor cerca
de 10% dos professores que se
aposentam ou abandonam a
profissão, e que o número de
alunos no ensino fundamental
e médio cresce a uma taxa média de 2% e 10% na década, respectivamente, seria necessário
formar cerca de 231 mil professores por ano.
Por essas contas, que
Schwartzman faz questão de
frisar que são aproximadas, o
Brasil precisaria formar 147 mil
professores a mais por ano para conseguir cumprir a LDB
(Lei de Diretrizes e Bases da
Educação).
Diploma
Em 2007, acabará o prazo estipulado na LDB para que todos os professores no Brasil
possuam diploma de nível superior para serem contratados.
Outra preocupação com relação à qualidade da formação
dos professores é que a maioria
deles está sendo formada em
universidades privadas, onde,
de acordo com o provão, a qualidade é inferior a de instituições públicas.
"As públicas não formam
muitos professores. Além disso, muitas vezes, num curso de
física de uma universidade pública a preocupação principal é
em formar físicos, e não professores", afirma Schwartzman.
Na rede estadual de São Paulo, a secretária de Educação,
Rose Neubauer, afirma que
90% dos professores fizeram
universidades particulares.
Mas, de acordo com ela, mesmo que todos os professores
formados em universidades
públicas resolvessem dar aulas
para a rede estadual, o número
não seria suficiente.
Qualidade
O desemprego dificilmente
preocupará os professores no
futuro, mas há outras questões
que podem prejudicar a qualidade do ensino.
De acordo com pesquisa feita
pela CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores em
Educação) com base em dados
do MEC, há carência de recursos pedagógicos, graves ou menos graves, em 65,3% das escolas públicas de ensino médio
no Brasil.
Nas escolas de ensino fundamental, essa carências nas instituições públicas são encontradas em 53,2% das escolas de
8ª série e em 46,2% das de 4ª.
A pesquisa, intitulada Retrato da Escola, mostra também
que em 73,5% das escolas públicas de 4ª série, em 85,1% das
de 8ª série e em 87,2% das de
ensino médio havia problemas
de insuficiência de recursos financeiros.
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