São Paulo, quinta-feira, 30 de dezembro de 2004

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Reta e tempo bom são armadilhas

DA REPORTAGEM LOCAL

Os motoristas que ficam apreensivos em dirigir com chuva e em meio a curvas sinuosas e relaxam nas pistas retas, com tempo bom, caem numa armadilha.
O cuidado excessivo, no primeiro caso, é não só justificável como aconselhável, mas a tranqüilidade -muitas vezes aliada à falta de atenção- em situações que aparentemente não são arriscadas é um ingrediente que contribui para os acidentes nas rodovias.
Estatísticas de 2003 da Polícia Rodoviária nas estradas federais do país indicam que 69% dos acidentes ocorreram em retas, 22% em curvas e 9% em cruzamentos.
A mesma fonte de dados aponta que 79% aconteceram quando as condições de tempo eram boas, 18% quando havia chuva e 3%, com a presença de neblina.
Os indicadores reforçam a tese de que situações aparentemente seguras não devem ser um estímulo para as velocidades mais altas, afirma Laurindo Junqueira, que mora em Campinas e que se acostumou a ir diariamente à capital paulista, onde trabalha.
Junqueira conta que já chegou a dormir em alguns momentos nas retas da rodovia dos Bandeirantes. Passou a preferir a Anhangüera, que tem mais curvas, para ficar mais atento. Mas, depois, decidiu vender seu carro para evitar riscos e passou a usar ônibus fretado.
O especialista reforça, entretanto, a necessidade de tomar medidas preventivas nas situações mais arriscadas. Quando chove, algo freqüente na época de verão, ele diz ser comum haver aquaplanagem -a água não escoa na via, os pneus perdem contato do asfalto e os motoristas não conseguem ter controle do volante. A redução da velocidade em dia de chuva minimiza esse problema.
Junqueira também insiste na sugestão de que os motoristas devem evitar os acostamentos.
"O acostamento é onde as pessoas se sentem falsamente protegidas. Suba no canteiro de grama, pare num posto de gasolina, mas não no acostamento", afirma.
Junqueira conta um caso, no final de 1998, quando sua filha, Ana Carolina, 26, e seu filho, Luís Henrique, 23, capotaram na rodovia Dom Pedro 1º, em Campinas.
"Eu estava a 1 km do acidente e cheguei bem rápido. Eles não tinham sofrido nada, mas comecei a ver acidentes ocorrerem na pista contrária, porque os motoristas paravam, querendo ajudar. Eu tive que atravessar a estrada para orientar as pessoas", conta. (AI)


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