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Reta e tempo bom são armadilhas
DA REPORTAGEM LOCAL
Os motoristas que ficam
apreensivos em dirigir com chuva
e em meio a curvas sinuosas e relaxam nas pistas retas, com tempo
bom, caem numa armadilha.
O cuidado excessivo, no primeiro caso, é não só justificável como
aconselhável, mas a tranqüilidade
-muitas vezes aliada à falta de
atenção- em situações que aparentemente não são arriscadas é
um ingrediente que contribui para os acidentes nas rodovias.
Estatísticas de 2003 da Polícia
Rodoviária nas estradas federais
do país indicam que 69% dos acidentes ocorreram em retas, 22%
em curvas e 9% em cruzamentos.
A mesma fonte de dados aponta
que 79% aconteceram quando as
condições de tempo eram boas,
18% quando havia chuva e 3%,
com a presença de neblina.
Os indicadores reforçam a tese
de que situações aparentemente
seguras não devem ser um estímulo para as velocidades mais altas, afirma Laurindo Junqueira,
que mora em Campinas e que se
acostumou a ir diariamente à capital paulista, onde trabalha.
Junqueira conta que já chegou a
dormir em alguns momentos nas
retas da rodovia dos Bandeirantes. Passou a preferir a Anhangüera, que tem mais curvas, para ficar
mais atento. Mas, depois, decidiu
vender seu carro para evitar riscos
e passou a usar ônibus fretado.
O especialista reforça, entretanto, a necessidade de tomar medidas preventivas nas situações
mais arriscadas. Quando chove,
algo freqüente na época de verão,
ele diz ser comum haver aquaplanagem -a água não escoa na via,
os pneus perdem contato do asfalto e os motoristas não conseguem ter controle do volante. A
redução da velocidade em dia de
chuva minimiza esse problema.
Junqueira também insiste na
sugestão de que os motoristas devem evitar os acostamentos.
"O acostamento é onde as pessoas se sentem falsamente protegidas. Suba no canteiro de grama,
pare num posto de gasolina, mas
não no acostamento", afirma.
Junqueira conta um caso, no final de 1998, quando sua filha, Ana
Carolina, 26, e seu filho, Luís Henrique, 23, capotaram na rodovia
Dom Pedro 1º, em Campinas.
"Eu estava a 1 km do acidente e
cheguei bem rápido. Eles não tinham sofrido nada, mas comecei
a ver acidentes ocorrerem na pista
contrária, porque os motoristas
paravam, querendo ajudar. Eu tive que atravessar a estrada para
orientar as pessoas", conta.
(AI)
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