São Paulo, quinta-feira, 30 de dezembro de 2004

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Preocupação se estende a rodovias concedidas

DA REPORTAGEM LOCAL

A preocupação com a evolução da violência do trânsito neste ano nas estradas estaduais de São Paulo se estende àquelas que foram concedidas à iniciativa privada.
Embora tenham a aprovação média de 94% dos usuários, conforme a última pesquisa da Artesp (agência do governo) concluída em outubro de 2004, as concessionárias registraram até novembro uma alta de 9,2% nos acidentes e de 9,8% nos feridos -contra uma redução de só 0,96% nas mortes.
Com esses indicadores, a meta de reduzir em 10% as mortes em 2004 dificilmente será atingida. E, das 12 concessionárias que administram mais de 3.000 km de estradas, 7 pioraram seus indicadores em relação ao ano passado.
Essas constatações são válidas mesmo considerando a alta média dos veículos que passaram nos pedágios. A Artesp, que faz reuniões mensais com as empresas para discutir a segurança viária, utiliza uma fórmula, batizada de IM (Índice de Mortos), que considera não apenas os números brutos, mas a extensão da rodovia e a quantidade de carros.
Até junho, a meta de redução do IM só havia sido atingida por 5 das 12 concessionárias. Segundo Sebastião Ricardo, diretor de operações da Artesp, entre 2000 e 2004 esse índice caiu de 4,97 para 3,88. A intenção é atingir até 2020 2,50, marca semelhante à de estradas da Espanha.
A mesma redução verificada não se repete em relação aos feridos, cujo índice subiu de 77,43 para 77,67 no intervalo de quatro anos. O de acidentes teve pequena melhoria -de 1,54 para 1,52.
O diretor da Artesp diz que, apesar do descumprimento das metas, as concessionárias nunca foram punidas. "A gente faz uma auditoria de cada acidente com morto. Ela não pode ser autuada se não for falha dela. Só se fosse problema de engenharia", afirma.
A alta dos feridos e a queda das mortes, na opinião de Ricardo, pode parcialmente ser atribuída à melhoria do atendimento médico. "Quando há um socorro ideal, mortes são evitadas", afirma.
Esse indicador pode ser sentido no Estado inteiro nos últimos anos: embora as mortes tenham subido em 2004, nos anos anteriores tiveram queda na comparação com os anos 90, diferentemente do que ocorre com acidentes e feridos. A principal explicação é a implantação do novo código de trânsito, em 1998, que expandiu a utilização do cinto de segurança.
Segundo a última pesquisa da Artesp, a conservação do asfalto, os serviços de atendimento e a sinalização de obras estão entre os itens com melhor avaliação dos usuários das estradas sob concessão -recebendo nota média de 8,8, de um total de dez pontos.
A nota média geral é de 8,4, mas aspectos relativos à segurança têm avaliação inferior: nota 8,3 para segurança em acidentes e para condições do acostamento e 7,1 para a quantidade de passarelas, a mais baixa dentre todos os itens. A Artesp diz que foram feitas mais de 80 passarelas desde 1998.
A agência lançou campanha no último dia 23, em parceria com as concessionárias, para prevenir acidentes na temporada de verão. Haverá propaganda na TV, no rádio, na mídia impressa e em outdoors. Elas enfocam a necessidade de atitudes preventivas por parte dos motoristas, como revisar as condições dos carros, usar cinto de segurança e obedecer os limites de velocidade.
O presidente da ABCR (Associação Brasileira de Concessionários de Rodovias), Moacyr Duarte, considera que a segurança nas estradas "é agora um problema de fiscalização" -sob responsabilidade da Polícia Rodoviária. "Nos primeiros anos, houve redução maior. As concessionárias hoje têm muito pouco a fazer. Podem apenas melhorar alguns acessos, algumas passarelas", afirma.
O comando da Polícia Rodoviária Estadual não quis dar entrevistas nem fornecer dados ou dicas aos motoristas de quais são os pontos mais críticos das rodovias.


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