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EDUCAÇÃO
Câmara vota projeto hoje
Promotoria
acha ilegal
rolar dívida
MARTA AVANCINI
da Reportagem Local
A Promotoria da Infância e da
Juventude pretende entrar com
uma ação alegando ilegalidade, se
for aprovado o projeto de lei que
adia para 2002 o pagamento da dívida do município de São Paulo
com educação acumulada desde
95, que deve ser aprovado hoje.
O argumento da ilegalidade se
baseia na lei federal 7.348, de 1985,
que prevê que, se, em um ano, for
aplicado menos em educação do
que o previsto, a diferença tem de
ser coberta no exercício seguinte.
No entender do promotor de Justiça da Infância e da Juventude do
Estado, Maurício Antonio Ribeiro
Lopes, exercício seguinte significa
ano seguinte. "O débito não pode
ser parcelado", diz.
Só em 95 e 96, gestão de Paulo
Maluf (PPB), a dívida chegou a R$
280 milhões. A dívida de 97 não é
conhecida porque o ano fiscal ainda não fechou. A secretaria das Finanças estima que ela deve ficar
em R$ 60 milhões este ano.
Para o promotor, a lei é a única
referência que existe, em termos
jurídicos, de como os recursos para a educação devem ser aplicados.
O advogado Ives Gandra Martins, especialista em direito constitucional, vê outro problema. Para
ele, apenas uma emenda à Lei Orgânica do Município pode determinar a rolagem da dívida.
O projeto que será votado hoje é
de lei ordinária e, por isso, não pode alterar a Lei Orgânica.
"Os recursos têm de ser aplicados anualmente. As disposições
transitórias não falam em rolagem
de diferenças não aplicadas", diz.
A Comissão de Constituição e
Justiça da Câmara foi procurada
para falar sobre o caso, mas não
deu resposta às ligações da Folha.
O pedido de mandado de segurança para suspender a tramitação
e a sanção do projeto de lei, feito
pelo PT e PC do B, deve ser julgado
hoje pelo Tribunal de Justiça do
Estado. O pedido se baseia no fato
de que a Câmara teria descumprido o regimento interno ao não ouvir o Conselho Municipal da
Criança e do Adolescente, entre
outras coisas.
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