FÁBIO ZANINI
da Agência Folha, em Florianópolis

Mais de 5.000 pessoas compareceram no último fim-de-semana à Barrafest, evento realizado em Barra do Sul (SC), cuja principal atração é a "Farra do Boi".
O festival marcou o início da temporada da Farra do Boi no litoral catarinense, que, apesar de proibida por decisão do Supremo Tribunal Federal em junho, continua sendo praticada abertamente no Estado, e ocorre até a Páscoa.
A Farra do Boi é o equivalente açoriano às touradas espanholas. A tradição foi introduzida em Santa Catarina no século 18, quando chegaram as primeiras famílias vindas dos Açores para colonizar a região. A regra é soltar o boi em uma área aberta, no meio de uma multidão, que tenta, usando paus, chicotes e objetos cortantes, vencer o animal pelo cansaço ou feri-lo mortalmente.
Segundo a decisão do Supremo, tomada com base em ação impetrada por entidades de proteção a animais, a prática é cruel com os animais e coloca em risco a integridade física dos participantes -incluindo crianças.
Os organizadores do Barrafest se defendem, argumentando que, nos últimos anos, foram criadas regras para disciplinar a Farra do Boi. Em Barra do Sul (180 km ao norte de Florianópolis), existe uma lei municipal "legalizando", a despeito da proibição do STF, a Farra do Boi.
"Se praticada dentro de normas estritas, a Farra do Boi torna-se um brincadeira saudável, que ajuda a manter nossas raízes culturais", disse José Antônio da Silva, integrante da Associação Folclórica Açoriana da cidade.
Uma das medidas tomadas, segundo ele, foi a definição de uma arena, cercada, para a prática da Farra do Boi. Também foram proibidos, na cidade, o uso de materiais como facas e espetos.
Em outras cidades do litoral catarinense, entretanto, onde a Farra do Boi é tradicional, como Navegantes e Governador Celso Ramos, não existe nenhum tipo de regulamentação.



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