São Paulo, quarta, 30 de dezembro de 1998

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POLÍCIA
Menino encontra arma em laje e dispara acidentalmente contra o peito de garota na favela de Heliópolis
Garoto de 9 mata estudante de 11 em SP

da Reportagem Local

A estudante Fabiana Tábata Gláucia da Silva, 11, foi morta com um tiro disparado acidentalmente pelo seu amigo S.L.S., 9, com quem brincava na laje da casa onde morava, na rua São Pedro, na favela de Heliópolis, zona sudeste de São Paulo.
O incidente aconteceu por volta das 18h45 de anteontem. Segundo a polícia, os dois estavam brincando sozinhos na casa.
De acordo com o delegado Hélio Bressan, do 95º DP (Heliópolis), a arma, uma garrucha calibre 22 do tamanho de uma caneta e que aparenta não ser de verdade, foi encontrada por S.L.S. em um buraco na laje.
Provavelmente pensando que fosse uma arma de brinquedo, segundo Bressan, S.L.S. passou a brincar com a garrucha e acabou disparando um tiro contra o peito de Fabiana. "O garoto apertou o gatilho sem saber o que estava fazendo", afirmou o delegado.
De acordo com vizinhos, o garoto ficou muito assustado e desceu da laje correndo e gritando que atirou sem querer.
Fabiana foi levada ainda com vida para o pronto-socorro do hospital Heliópolis. Ela chegou a ser submetida a uma cirurgia, mas não sobreviveu ao ferimento.
A arma, que foi apreendida pela polícia, pertencia ao motorista Antônio Lucas, 49, que é tio de S.L.S.
O motorista se apresentou espontaneamente à polícia anteontem à noite e foi indiciado por homicídio culposo, quando não há intenção de praticar o crime, e porte ilegal de arma. S.L.S., bastante traumatizado, foi levado para a casa de uma tia.

Caçar
Confuso, Lucas afirmou que adquiriu a arma há cerca de 20 dias. "Eu estava no bar de um colega quando passou um rapaz vendendo a arma. Fiz um rolo com ele com um toca-fitas", declarou.
O motorista disse que pretendia caçar pássaros com a arma em Sorocaba, no interior de São Paulo, onde mora parte de sua família.
"A arma estava sem balas. No sábado, não sei por qual motivo, coloquei as balas na arma e guardei em cima da laje. Não sei como o garoto foi descobrir. Nunca imaginei que pudesse acontecer isso. Quando comprei a arma só pensava em caçar", afirmou Lucas.
"Infelizmente foi uma tragédia. Ninguém esperava por isso", declarou Maria Helena Ribeiro Ramos, mãe da estudante. Segundo ela, Fabiana iria cursar a 5ª série do primeiro grau no próximo ano. No momento do incidente, Maria Helena estava trabalho, no hospital Heliópolis.



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