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Jejum prossegue depois de proposta
ANDRÉ LOZANO
da Reportagem Local
Os sequestradores do empresário Abílio Diniz ouviram ontem
pelo rádio a proposta do governo
brasileiro de antecipação de acordos de transferência dos presos,
mas decidiram manter a greve de
fome até que recebam documento
oficial com os detalhes da medida
e a garantia de que o benefício seja
estendido também ao brasileiro.
Ontem, os presos completaram
44 dias em greve de fome. "Os
presos informaram que estão
aguardando que chegue a suas
mãos a proposta formal e detalhada do que vem a ser esta solução
apresentada pelo governo brasileiro", disse o porta-voz dos sequestradores, Breno Altman.
Segundo ele, os presos disseram
que vão analisar com "respeito e
urgência", mas só decidirão sobre
a eventual suspensão da greve caso
haja uma solução concreta para o
brasileiro Raimundo Costa Freire.
"No caso do brasileiro, só pode
haver o indulto, que pode ser concedido pelo presidente, ou a liberdade condicional", disse Altman.
Os presos estiveram reunidos
ontem com o embaixador do Chile, Juan Martabit, e o cônsul da Argentina, Guilhermo Hurt.
O embaixador chileno disse que
o governo de seu país passaria a
estudar a proposta do governo
brasileiro a partir de hoje. "Vamos encontrar uma solução rápida, que deve demorar poucos
dias", disse Martabit. Hurt deixou
o hospital sem dar entrevistas.
Os advogados dos sequestradores aguardavam ontem à noite a
chegada de um fax do Ministério
da Justiça com os termos dos acordos propostos. "Enquanto não
estiver escrito, eu não acredito",
disse o advogado Iberê Bandeira
de Mello.
Estado de saúde
Seis dos oito sequestradores passariam ontem a receber soro e nutrientes pela traquéia, uma vez que
não estava sendo mais possível a
aplicação nas veias.
"Eles "perderam' as veias. A solução foi aplicar o soro diretamente na traquéia", disse Altman.
O irmão de Sérgio Urtubia, Alejandro Urtubia, que não via o irmão havia dez anos, chorou ao
deixar o hospital e disse que Sérgio
parecia "um cadáver". "Ele me
disse que não tem mais força de
vontade de viver."
O último boletim médico divulgado pelo Hospital das Clínicas informou que os presos apresentavam "nível e conteúdo de consciência normais com períodos de
prostração (grande debilidade resultante de doença) e não apresentam alterações neurológicas".
Os pacientes em estado mais
grave são o argentino Humberto
Paz, que está com dores abdominais, náuseas e vômito, e o chileno
Sérgio Urtubia, que continua com
diarréia mucosa com sangue.
Urtubia está tomando antibióticos que parecem não estar surtindo efeito, segundo Altman.
As complicações dos dois demonstram que eles podem estar
com atrofia intestinal. Raimundo
Freire está com dores musculares
e no peito.
De acordo com o boletim, cresce
o risco de infecções nos presos. Infecção, neste momento, significa
risco iminente de morte para os
sequestradores.
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