São Paulo, quinta-feira, 31 de janeiro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Sequestradores indicaram, por meio de um celular pré-pago, trajeto que o responsável por entregar o dinheiro deveria percorrer

Pagamento de resgate vira "gincana"

DA FOLHA CAMPINAS

Os sequestradores do empresário de Salto Roberto Benito Júnior, 35, organizaram uma "gincana" para receber os dólares pagos pelo resgate. O "jogo" durou cerca de uma hora e meia. Na segunda-feira, no início da noite, eles fizeram um último contato com o negociador da família e deram as instruções de como o valor solicitado deveria ser entregue.
A primeira exigência foi que o homem autorizado a entregar o dinheiro deveria sair do hotel da família, em São Paulo, o Golden Tower São Paulo Hotel, que fica em Pinheiros, dirigindo um Uno branco. Foi exigido que ele estivesse sozinho e que a polícia não o acompanhasse.
As regras eram ditadas pelos sequestradores por meio de um celular pré-pago. Eles indicaram as ruas a serem percorridas até um estacionamento, entre a rua Haddock Lobo e alameda Santos, na região dos Jardins.
Diante do estacionamento, o negociador, cujo nome está sendo mantido em sigilo, foi orientado a pegar um táxi e seguir até a rua Cubatão, na Vila Mariana.
Os sequestradores também exigiram que o negociador levasse consigo entre R$ 20 e R$ 30 no bolso, para comprar comida para eles no meio do caminho, além de pagar o táxi.
O percurso feito de táxi foi de aproximadamente dois quilômetros, segundo o porta-voz da família, Valdemir Colleone, 53.
No local, o negociador teve de descer e caminhou em direção a um orelhão, sempre falando ao celular. Dentro da cabine do telefone público, os sequestradores haviam deixado um pacote contendo a chave de um automóvel e um novo telefone celular.
De acordo com Colleone, o negociador foi orientado por um dos sequestradores a trocar de celular e a desligar o aparelho que usava quando deixou o hotel.
A chave deixada no envelope era de um Gol branco que estava estacionado em frente ao orelhão. O "jogo" não terminava ali. O negociador teria de pegar o carro, roubado em Santo André (SP) no dia 23 de novembro de 2001, colocar os dólares em uma sacola deixada no interior do veículo e voltar para Pinheiros.
Dessa vez, o local indicado era o Cemitério São Paulo, a três quarteirões do Golden Tower.
Em frente a uma escadaria, um homem de boné aguardava o negociador, que foi pressionado a não levantar a cabeça.
O final da "gincana" terminou com a entrega da sacola com o dinheiro e com a determinação de que o Gol fosse abandonado em um ponto qualquer de São Paulo. (ANA PAULA MARGARIDO)



Texto Anterior: Colapso da segurança: Empresário é solto após 120 dias de cativeiro
Próximo Texto: Acorrentada, vítima perdeu dez quilos
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.