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Sequestradores indicaram, por meio de um celular pré-pago, trajeto que o responsável por entregar o dinheiro deveria percorrer
Pagamento de resgate vira "gincana"
DA FOLHA CAMPINAS
Os sequestradores do empresário de Salto Roberto Benito Júnior, 35, organizaram uma "gincana" para receber os dólares pagos pelo resgate. O "jogo" durou
cerca de uma hora e meia. Na segunda-feira, no início da noite,
eles fizeram um último contato
com o negociador da família e deram as instruções de como o valor
solicitado deveria ser entregue.
A primeira exigência foi que o
homem autorizado a entregar o
dinheiro deveria sair do hotel da
família, em São Paulo, o Golden
Tower São Paulo Hotel, que fica
em Pinheiros, dirigindo um Uno
branco. Foi exigido que ele estivesse sozinho e que a polícia não o
acompanhasse.
As regras eram ditadas pelos sequestradores por meio de um celular pré-pago. Eles indicaram as
ruas a serem percorridas até um
estacionamento, entre a rua Haddock Lobo e alameda Santos, na
região dos Jardins.
Diante do estacionamento, o
negociador, cujo nome está sendo
mantido em sigilo, foi orientado a
pegar um táxi e seguir até a rua
Cubatão, na Vila Mariana.
Os sequestradores também exigiram que o negociador levasse
consigo entre R$ 20 e R$ 30 no
bolso, para comprar comida para
eles no meio do caminho, além de
pagar o táxi.
O percurso feito de táxi foi de
aproximadamente dois quilômetros, segundo o porta-voz da família, Valdemir Colleone, 53.
No local, o negociador teve de
descer e caminhou em direção a
um orelhão, sempre falando ao
celular. Dentro da cabine do telefone público, os sequestradores
haviam deixado um pacote contendo a chave de um automóvel e
um novo telefone celular.
De acordo com Colleone, o negociador foi orientado por um
dos sequestradores a trocar de celular e a desligar o aparelho que
usava quando deixou o hotel.
A chave deixada no envelope
era de um Gol branco que estava
estacionado em frente ao orelhão.
O "jogo" não terminava ali. O negociador teria de pegar o carro,
roubado em Santo André (SP) no
dia 23 de novembro de 2001, colocar os dólares em uma sacola deixada no interior do veículo e voltar para Pinheiros.
Dessa vez, o local indicado era o
Cemitério São Paulo, a três quarteirões do Golden Tower.
Em frente a uma escadaria, um
homem de boné aguardava o negociador, que foi pressionado a
não levantar a cabeça.
O final da "gincana" terminou
com a entrega da sacola com o dinheiro e com a determinação de
que o Gol fosse abandonado em
um ponto qualquer de São Paulo.
(ANA PAULA MARGARIDO)
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