São Paulo, quinta-feira, 31 de janeiro de 2002

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COLAPSO DA SEGURANÇA

Assessoria do governador vai analisar legalidade da medida, que, para advogados criminalistas, fere liberdade de expressão

Alckmin quer proibir entrevista com presos

DA FOLHA ONLINE

DA REPORTAGEM LOCAL

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), pretende proibir presos de darem entrevistas à imprensa. A idéia é que os detentos só possam se pronunciar perante à Justiça. A assessoria jurídica do governador está verificando se legalmente é possível implantar a medida.
"Sou contra esse negócio de preso dar entrevista. Preso tem de falar na Justiça, ao depor", afirmou Alckmin.
O governador teria se irritado ao assistir anteontem à entrevista de Ailton Feitosa e Cleilson Gomes de Souza. Feitosa, que foi resgatado de helicóptero de um presídio em Guarulhos (Grande São Paulo) no último dia 17, fez ironias sobre sua prisão e chegou a gabar-se do resgate. "Não foi fantástico?", perguntou a repórteres.
Mas a proposta do governador paulista, segundo advogados criminalistas, fere o direito de liberdade de expressão, garantido pela Constituição.
A advogada Luciana Berardi, especialista em direito penal, explica que o preso tem pena privativa de liberdade, ou seja, perde o direito de ir e vir, enquanto têm todas as outras garantias constitucionais, inclusive a de liberdade de expressão. "É uma afronta até mesmo aos direitos humanos, já que todo mundo tem o direito de se comunicar."
Além disso, a legislação do processo penal é de competência da União. "É um tema que teria que ser discutido em âmbito nacional", afirma Luciana.
Ressaltando que não se pode obrigar alguém a dar entrevista, o advogado Alberto Toron acredita que a proposta atinge também a liberdade de imprensa.



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