São Paulo, quinta-feira, 31 de janeiro de 2002

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COLAPSO DA SEGURANÇA

Assassinato por policial lidera ranking

IURI DANTAS
DA REPORTAGEM LOCAL

Os homicídios praticados por policiais lideram as denúncias à Ouvidoria pela primeira vez desde o início do funcionamento do órgão, em 1995. Em 2001, foram 2.637 comunicados feitos pela população a respeito de má conduta ou crimes praticados pelas polícias Civil, Militar e Técnica, 18,24% delas por assassinato.
Até o ano passado, a principal reclamação da sociedade eram as infrações disciplinares cometidas por policiais. Em 2000, 19,46% das 5.717 denúncias diziam respeito a delitos como o uso de carro da corporação para fins particulares, uso de delegacia para guardar entorpecentes, faltas e, na maioria das vezes, embriaguez.
No total, o número de contatos da população com a Ouvidoria diminuiu 53,9% no ano passado, em comparação com 2000. Segundo o ouvidor Fermino Fecchio Filho, os últimos 12 meses foram conturbados para o órgão devido à alterações organizacionais, como mudança de endereço.
Fecchio Filho diz, também, que a Ouvidoria passou quase cinco meses sem receber denúncias de forma sistemática, devido ao afastamento de pessoal e da demora para a nomeação do ouvidor.
Ele afirmou que a política do Estado sobre criminalidade "deve ser repensada". "Estamos procurando jogar luzes e melhorar esse diálogo de surdos entre a população e a polícia de São Paulo."
O ouvidor sugeriu que o efetivo das polícias fosse organizado de forma diferente no Estado. Por exemplo: a região de Bauru, que ocupa a quinta posição no ranking, com 3,72%, possui uma taxa de 93 policiais civis e 191 policiais militares por 100 mil habitantes.
Na capital, campeã de notificações à Ouvidoria (51,88% das denúncias), há 60 policiais civis e 163 PMs para cada 100 mil habitantes.

Campinas
A população de Campinas lidera as denúncias de envolvimento em policiais em crimes no interior do Estado, com 8,34% do total. A capital (51,88%) e a Grande São Paulo (16,88%) ocupam os primeiros lugares.
O ouvidor classificou de "vergonha" a ação policial realizada para identificar os autores da morte do prefeito Antonio da Costa Santos, de Campinas, em setembro.
Foram 220 contatos dos campineiros com a Ouvidoria em 2001. Desses, 19,5% foram denúncias de que policiais teriam cometido assassinato. Um décimo dizia respeito a infrações disciplinares.

Outro Lado
A assessoria da Secretaria da Segurança Pública informou que o órgão não iria se manifestar a respeito das declarações feitas por Fecchio Filho ou sobre as estatísticas apresentadas pela Ouvidoria.


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