São Paulo, domingo, 31 de janeiro de 1999

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Advogado diz que preso tem desvio

MAURÍCIO SIMIONATO
da Folha Campinas

O advogado Paulo Celso Bastos e Souza defende a tese de que Leonardo Chaim, 27, tem desvios mentais graves para tentar sua internação psiquiátrica.
Chaim está na cadeia de Bragança Paulista (80 km ao norte de São Paulo) desde que foi preso no último dia 20, no acampamento em que trabalhava em Atibaia havia três anos.
Ele foi pego com 13 fitas de vídeo de pornografia infantil, 143 fotos e 40 cuecas infantis. É também acusado de manter a página "Anjos Proibidos" na Internet.
Chaim pode responder por atentado violento ao pudor e aos crimes previstos no ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente).
Segundo o advogado Bastos e Souza, Chaim não tinha capacidade para reconhecer o ato que cometia.
"Há grande possibilidade de estarmos lidando com um doente mental. Ele ignorava completamente as consequências dos atos que cometia", disse.
O advogado, no entanto, negou que outras pessoas que usam a Internet com os mesmo objetivos que seu cliente também possam ter "problemas mentais".
"Em princípio, poderia se pensar nisso, mas essas pessoas devem ser analisadas caso a caso", afirmou.
O advogado utiliza como base de sua tese o atestado do neurologista e psiquiatra Wanderley Manoel Domingues, que diz que Chaim possui um desvio esquizóide grave Domingues pediu a internação provisória um dia após a prisão de Chaim.
A polícia anunciou a prisão apenas no dia 22, mesmo dia em que o neurologista encaminhou o pedido de internação psiquiátrica de seu paciente (ler ao lado).
Segundo o advogado, Chaim recebia o tratamento psiquiátrico desde 1992. "Só uma análise profunda poderia revelar a extensão da gravidade do desvio psicológico", disse.
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Internet Quanto à acusação de Chaim possuir outros codinomes em páginas da Internet, o advogado disse não ter entrado em contato com seu cliente.
"Só conversei com os pais de Leonardo Chaim e não entrei em detalhes sobre Internet", disse o advogado.
Além do desvio psicológico, o advogado disse que a "moral elástica que a televisão exibe" reforça as possibilidades de doenças mentais.
"Você liga a televisão hoje e vê mulheres peladas e pessoas fazendo sexo anormal. Até nas novelas você vê lésbicas, além dos programas humorísticos que possuem personagens que revelam homossexualismo", disse.
O advogado também disse que se não tivesse certeza de que seu cliente possui problemas mentais não aceitaria o caso.
"Tenho filhos e não o defenderia se soubesse que ele não possui desvios psiquiátricos. Se durante a sua defesa ficar constatado que ele não possui desvios psicológicos, eu abandono o caso", disse.



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