|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
SAÚDE
Prefeitura se compromete assumir postos e terminar com cooperativas; em troca, receberá verba do SUS
Acordo de Covas e Pitta enterra o PAS
SÍLVIA CORRÊA
da Reportagem Local
Um acordo assinado anteontem
pela Prefeitura de São Paulo e o
governo do Estado devolve à administração direta a gestão da
saúde da capital e enterra definitivamente o modelo cooperativado
adotado na criação do PAS (Plano
de Atendimento à Saúde).
Em troca, a cidade voltará a receber os repasses do SUS (Sistema
Único de Saúde) -cerca de R$
200 milhões anuais-, suspensos
desde a implantação do plano.
O acordo que culminará com a
extinção do PAS foi batizado de
"convênio de municipalização" e
publicado ontem no "Diário Oficial" do Estado, após dois anos de
negociações. Ele tem validade de
60 meses, mas poderá ser rescindido se alguma das partes não
cumprir suas obrigações.
Na prática, a primeira mudança
a ser notada pela população será a
chegada do programa "Dose Certa" a 84 postos de saúde municipalizados -45 que sempre foram
da prefeitura, e outros 39 que foram retomados do PAS. Pelo
"Dose Certa" o Estado abastece
com 40 tipos de medicamentos
básicos os postos credenciados.
Em seguida, o Estado avaliará a
capacidade de atendimento desses 84 postos. Para cada habitante
dessas regiões, o município passará a receber R$ 10 anuais do PAB
(Piso para a Assistência Básica)
-que devem chegar em maio e
somar R$ 6 milhões anuais.
Quando a prefeitura retomar os
outros 93 postos de saúde do PAS
e assumir a administração de 190
postos estaduais -o que está previsto para acontecer ainda neste
ano-, ela passará a receber o
PAB por todos os moradores, o
que soma R$ 100 milhões anuais.
No caso dos postos do Estado, o
governo cederá o prédio, os equipamentos e o pessoal -que continuará recebendo pelo Estado-,
mas caberá à prefeitura administrar o atendimento ao público.
Nesse ponto, o PAS (hoje batizado de SIMS - Sistema Integrado
Municipal de Saúde) contará com
apenas 44 unidades -hoje ele
tem quase 200.
O repasse só chegará aos R$ 200
milhões quando a prefeitura retomar os hospitais (extinguindo o
PAS) e assumir integralmente a
vigilância epidemiológica e sanitária da capital, entre outras tarefas administrativas.
Falência
Uma das principais causas da
municipalização foi o custo a que
chegou o PAS, considerado insuportável pela prefeitura.
Criado em 96 por Paulo Maluf
(PPB) e utilizado pelo ex-prefeito
como uma das principais bandeiras de campanha de seu então
candidato, Celso Pitta (PTN), o
PAS previa o gerenciamento de
postos de saúde e hospitais por
cooperativas privadas.
Desde o começo, porém, o plano impôs aos cofres públicos uma
terrível contabilidade. De um lado, o município perdia as verbas
do SUS -R$ 200 milhões anuais.
De outro, passava a gastar R$ 160
milhões a mais com funcionários
-já que muitos não aderiram ao
plano, foram encostados em outras repartições e tiveram que ser
substituídos nos postos.
Isso sem falar nos repasses recebidos pelas cooperativas. Com o
PAS, os gastos com saúde pularam de R$ 750 milhões em 95 para
R$ 1 bilhão em 96, mas há indícios
de que parte desse dinheiro teria
sido desviada por supostas compras superfaturadas e fraudes.
A municipalização começou a
ser negociada em meados de 98,
quando Jorge Pagura assumiu a
Secretaria Municipal da Saúde.
Ele diminui de R$ 60 milhões
para R$ 40 milhões o repasse para
as cooperativas e começou a atender as exigências do Estado.
Em dezembro do ano passado,
com a criação do Conselho Municipal da Saúde por eleição direta,
os requisitos foram preenchidos.
Texto Anterior: Aeroporto: Viracopos vai receber investimento de R$ 85 mi Próximo Texto: Zona sul de São Paulo sofre pane de telefones Índice
|