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POUSO FORÇADO
Obra para melhorar escoamento da água durará 2 meses; proposta é remanejar 46% das viagens para Cumbica
Reforma na pista reduz vôos de Congonhas
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma semana depois que um
avião da BRA derrapou em um
dia de forte chuva, a Infraero
anunciou que o número de vôos
no aeroporto de Congonhas, em
São Paulo, será reduzido durante
dois meses para obras na pista
principal de pouso e decolagem.
Pelos cálculos da Infraero (Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária), a capacidade
máxima de vôos por hora deve
passar de 48 para 26, o que representa diminuição de 46%. Mas essa redução é passível de discussão
com as empresas aéreas.
De acordo com Ronaldo Jenkins, do Snea (Sindicato Nacional
das Empresas Aeroviárias), na
reunião que reuniu ontem as empresas, a Infraero e a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), falou-se numa redução de 30% nos
vôos. No entanto, as empresas
querem que a interdição dure menos de 60 dias.
Segundo Jenkins, as companhias aéreas vão procurar assessoramento técnico para poder
oferecer uma proposta de redução no tempo das obras.
No dia do acidente, a BRA disse
que o problema aconteceu por excesso de água na pista. A Infraero
descartou falhas.
A obra deve começar entre junho e agosto, após a conclusão
dos serviços de recuperação na
pista do aeroporto de Cumbica,
em Guarulhos, prevista para
maio. Isso porque os vôos que
não puderem operar em Congonhas devem ir para Guarulhos.
Segundo Jenkins, pode não haver aumento do preço de passagens porque os usuários não deixarão de viajar, apenas se deslocarão até Guarulhos.
Recuperação integral
Para a Infraero, é necessário interditar a pista principal para refazer completamente sua camada
superficial. Segundo o presidente
da empresa, brigadeiro José Carlos Pereira, a pista precisa de uma
recuperação integral.
De acordo com ele, o sistema de
drenagem de água apresenta falhas e não escoa o líquido tão rapidamente quanto deveria.
A Infraero até expediu um aviso
para os pilotos ficarem mais atentos em dias de chuva, pois certos
trechos da pista estão com problemas de aderência.
No entanto, ele não atribui a
derrapagem da semana passada a
falhas na pista e diz que é preciso
aguardar o resultado das investigações. O brigadeiro disse que a
obra está prevista há três anos.
Uma comissão técnica foi criada para discutir a redução de vôos
em Congonhas tanto no período
de obras como de forma permanente. O grupo, coordenado pela
Anac, deve definir que tipo de aeronaves e trajetos deve permanecer em Congonhas. As empresas
vão participar da discussão.
Denise Abreu, diretora da recém-criada Anac, afirmou que o
impacto financeiro só poderá ser
mensurado a partir da realização
das reuniões da comissão.
"Há um consenso de que Congonhas chegou a um esgotamento, mas precisamos discutir uma
possível redução nos vôos a longo
prazo", afirmou Milton Zuanazzi,
presidente da Anac. O aeroporto
foi planejado para receber 12 milhões de passageiros anualmente.
Em 2005, foram 17 milhões.
Segundo Denise Abreu, até o final do ano a Anac deve chegar a
um consenso sobre a redução definitiva de vôos em Congonhas. O
assunto será discutido em audiência pública com a população.
As assessorias de imprensa da
Varig, da TAM e da Gol não se
pronunciaram. Para a BRA, as
companhias serão prejudicadas
com a redução, mas, se é questão
de segurança, ela é necessária.
Os passageiros reclamam da
mudança. "Vou gastar uma hora
a mais. Para ir a Guarulhos, tem
que pegar a marginal com um
trânsito complicado", disse a assistente de marketing, Andreza de
Barros, 27, que mora em Brasília e
vem a trabalho a São Paulo semanalmente. Os comerciantes também são contrários. "Vai ser inevitável uma queda no fluxo de
clientes, mas é cedo para tirar
conclusões", afirmou Fábio Mota,
da livraria La Selva (por onde passam 8.000 pessoas por dia). Ele
não sabia da mudança.
Mais verba
O presidente da Infraero afirmou que, para conseguir implementar as reformas necessárias
ao crescimento da demanda por
vôos previsto para esse ano, a estatal precisa de um aporte do governo. Segundo ele, seriam necessários R$ 800 milhões a mais do
que ela tem disponível para 2006.
(LUÍSA BRITO, LUCAS NEVES E MAELI PRADO)
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