São Paulo, quinta-feira, 31 de maio de 2001

Próximo Texto | Índice

ACIDENTE

Pelo menos 30 mil litros vazaram após rompimento de duto subterrâneo da Petrobras, que promete limpar área

Chuva de óleo atinge condomínio de luxo

Greg Salibian/Folha Imagem
Funcionários retiram óleo que atingiu condomínio de luxo em Barueri (Grande São Paulo) ontem às 12h


MARIANA VIVEIROS
DA REPORTAGEM LOCAL

O rompimento de um duto da Petrobras provocou uma chuva de óleo por volta do meio-dia de ontem num condomínio de luxo em Barueri (Grande São Paulo).
Seis casas foram atingidas diretamente; duas delas ficaram com os quintais e as áreas externas (inclusive paredes e telhados) totalmente cobertos por óleo. O vazamento provocou a interdição de duas ruas de Tamboré 1.
A Petrobras promete fazer a limpeza da área, mas não sabe ainda em quanto tempo. A empresa se comprometeu a arcar com todas as despesas de acomodação das famílias enquanto isso.
Por ser pesado e ter baixa volatilidade, o óleo vazado praticamente não é inflamável, mas a Defesa Civil de São Paulo aconselhou os moradores das duas casas mais afetadas a não passarem a noite no local em razão do forte cheiro.
O vazamento atingiu as galerias de águas pluviais (de chuva) do condomínio, o córrego Cachoeirinha e chegou ao rio Tietê. O dano ambiental não é tão significativo, e seriam colocadas barreiras hidráulicas para impedir que a mancha fosse levada pela correnteza para a parte limpa do rio.
O óleo era transportado por um duto subterrâneo de cerca de 40 cm de diâmetro do terminal de Barueri para a Replan (Refinaria de Paulínia) em Campinas (95 km de SP), onde seria refinado e transformado em combustível.
A tubulação corta parte do condomínio, o que é comum na região metropolitana de São Paulo e também em áreas do litoral norte do Estado, segundo a Petrobras e o Sindipetro-SP (Sindicato dos Petroleiros de São Paulo).
Pelo menos 30 mil litros de óleo vazaram durante 30 minutos, de acordo com a avaliação da Secretaria de Estado do Meio Ambiente. A Defesa Civil estimou o vazamento em 47 mil litros, e o Sindipetro-SP fala em até 100 mil litros.
Em visita ao local do acidente na tarde de ontem, o presidente da Petrobras, Henri Philippe Reichstul, disse que a empresa não sabia quanto havia escapado nem as causas do rompimento do duto.

Exaustão
O secretário de Meio Ambiente, Ricardo Tripoli, disse, porém, que o vazamento havia sido causado pela exaustão da tubulação. A hipótese de desgaste também é levantada pelo Sindipetro-SP.
Segundo o presidente do sindicato, Samuel Magalhães, a Petrobras tinha informado que, há dois meses, havia feito uma medição do desgaste dos dutos de óleo, mas os resultados da avaliação ainda não foram divulgados.
"Agora vamos cobrar esses resultados porque, se a empresa sabia de algum problema e não fez nada, tem de ser responsabilizada", diz Magalhães. Segundo ele, as suspeitas de negligência são reforçadas pelo fato de, nas últimas semanas, o duto que se rompeu estar operando a uma pressão mais baixa que o normal.
"Isso já podia ser uma medida de prevenção da Petrobras", afirma o sindicalista. A vida útil de um oleoduto é de cerca de 20 anos, de acordo com o Sindipetro-SP, mas, depois de uma década de funcionamento, a tubulação já começa a necessitar de manutenção mais frequente. O duto que rompeu ontem deve ter cerca de 30 anos de atividade.
Para Tripoli, o vazamento leva ao questionamento sobre o que pode acontecer em outras áreas do Estado próximas a oleodutos. "Por isso estamos propondo à Petrobras uma aferição mais rigorosa das condições dos dutos", diz.
Técnicos da Cetesb (Companhia de Tecnologia e Saneamento Ambiental) iriam passar a noite avaliando as dimensões dos prejuízos ambientais, de forma a calcular uma eventual multa. Reichstul, cuja gestão tem sido marcada por vários acidentes ambientais, admite que o dano de ontem é resultado de anos de atraso da Petrobras em relação à questão.


Próximo Texto: Reichstul promete soluções para 2003
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.