São Paulo, quinta-feira, 31 de maio de 2001

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ÔNIBUS

Categoria rejeita proposta do TRT e decide manter a paralisação; grevistas e policiais entram em confronto

Greve prejudica 1,3 milhão no ABC

ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL

Motoristas e cobradores de ônibus do ABC paulista decidiram ontem à noite manter a greve que prejudicou 1,3 milhão de passageiros em seu primeiro dia.
A categoria, que não fazia paralisações desde 1998, rejeitou uma proposta de reajuste salarial sugerida pelo TRT (Tribunal Regional do Trabalho) de São Paulo e resolveu intensificar a mobilização.
A decisão de entrar em greve havia sido tomada anteontem à noite, durante assembléia, pegando de surpresa as prefeituras locais. A continuidade do movimento foi votada por 60% dos cerca de mil condutores que foram à sede do sindicato.
"Podemos perder empregos e todas as vantagens conquistadas até agora. Mas, se a maioria decidiu, vamos aderir", disse Francisco Mendes da Silva, presidente da entidade, que defendia a suspensão da paralisação.
Entre as principais reivindicações da categoria, que reúne cerca de 12 mil trabalhadores, estão: reajuste salarial de 10%, redução da jornada de trabalho de sete horas e vinte minutos para seis horas e quarenta minutos e pagamento dos períodos de refeição (25 minutos por dia).
Os salários no ABC são um dos maiores do setor no país. Os motoristas têm piso de R$ 1.096. Os cobradores, de R$ 633. Na cidade de São Paulo, por exemplo, esses valores são de R$ 948 e R$ 547, respectivamente.
A sugestão do TRT, aceita pelas viações, é de aumento salarial de 6%, elevação de 15% do vale-refeição e concessão de R$ 200 de PLR (Participação nos Lucros e Resultados). A tarifa dos ônibus na região custa R$ 1,40.
Por decisão judicial, os grevistas deveriam manter 70% da frota nos horários de pico e 50% nos demais horários. A categoria vai receber multa de R$ 120 mil em razão do descumprimento.
O sindicato dos motoristas do ABC não é ligado a nenhuma central sindical.

Confronto
Ontem, alguns condutores chegaram a entrar em confronto com a polícia em São Bernardo do Campo ao tentar evitar a saída de ônibus das garagens. Os grevistas apedrejaram 28 veículos.
Esse município teve paralisação praticamente total, assim como Mauá e São Caetano. Em Santo André, Ribeirão Pires, Diadema e Rio Grande da Serra, a mobilização foi parcial.
A greve também atingiu 80% dos ônibus da EMTU (Empresa Municipal de Transportes Urbanos). Esses veículos, administrados pelo governo do Estado, são responsáveis pelo transporte intermunicipal de 500 mil passageiros diariamente, inclusive na cidade de São Paulo.
O presidente da ETC (Empresa de Transportes Coletivos, órgão da prefeitura de São Bernardo do Campo), Odilon Soares de Oliveira, prometeu chamar a polícia para garantir a circulação de 70% da frota hoje. "Temos que manter os serviços. Há motoristas que querem trabalhar", afirmou.
A paralisação no ABC paulista deixa praticamente todos os usuários sem alternativa de transporte, já que a região não tem linhas de metrô e os serviços de perueiros são restritos.
Em São Paulo, onde os ônibus transportam 4 milhões de usuários por dia, a maior greve de motoristas e cobradores neste ano aconteceu em abril, prejudicando 1,6 milhão de pessoas.



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