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ÔNIBUS
Categoria rejeita proposta do TRT e decide manter a paralisação; grevistas e policiais entram em confronto
Greve prejudica 1,3 milhão no ABC
ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL
Motoristas e cobradores de ônibus do ABC paulista decidiram
ontem à noite manter a greve que
prejudicou 1,3 milhão de passageiros em seu primeiro dia.
A categoria, que não fazia paralisações desde 1998, rejeitou uma
proposta de reajuste salarial sugerida pelo TRT (Tribunal Regional
do Trabalho) de São Paulo e resolveu intensificar a mobilização.
A decisão de entrar em greve
havia sido tomada anteontem à
noite, durante assembléia, pegando de surpresa as prefeituras locais. A continuidade do movimento foi votada por 60% dos
cerca de mil condutores que foram à sede do sindicato.
"Podemos perder empregos e
todas as vantagens conquistadas
até agora. Mas, se a maioria decidiu, vamos aderir", disse Francisco Mendes da Silva, presidente da
entidade, que defendia a suspensão da paralisação.
Entre as principais reivindicações da categoria, que reúne cerca
de 12 mil trabalhadores, estão:
reajuste salarial de 10%, redução
da jornada de trabalho de sete horas e vinte minutos para seis horas
e quarenta minutos e pagamento
dos períodos de refeição (25 minutos por dia).
Os salários no ABC são um dos
maiores do setor no país. Os motoristas têm piso de R$ 1.096. Os
cobradores, de R$ 633. Na cidade
de São Paulo, por exemplo, esses
valores são de R$ 948 e R$ 547,
respectivamente.
A sugestão do TRT, aceita pelas
viações, é de aumento salarial de
6%, elevação de 15% do vale-refeição e concessão de R$ 200 de PLR
(Participação nos Lucros e Resultados). A tarifa dos ônibus na região custa R$ 1,40.
Por decisão judicial, os grevistas
deveriam manter 70% da frota
nos horários de pico e 50% nos
demais horários. A categoria vai
receber multa de R$ 120 mil em
razão do descumprimento.
O sindicato dos motoristas do
ABC não é ligado a nenhuma central sindical.
Confronto
Ontem, alguns condutores chegaram a entrar em confronto com
a polícia em São Bernardo do
Campo ao tentar evitar a saída de
ônibus das garagens. Os grevistas
apedrejaram 28 veículos.
Esse município teve paralisação
praticamente total, assim como
Mauá e São Caetano. Em Santo
André, Ribeirão Pires, Diadema e
Rio Grande da Serra, a mobilização foi parcial.
A greve também atingiu 80%
dos ônibus da EMTU (Empresa
Municipal de Transportes Urbanos). Esses veículos, administrados pelo governo do Estado, são
responsáveis pelo transporte intermunicipal de 500 mil passageiros diariamente, inclusive na cidade de São Paulo.
O presidente da ETC (Empresa
de Transportes Coletivos, órgão
da prefeitura de São Bernardo do
Campo), Odilon Soares de Oliveira, prometeu chamar a polícia para garantir a circulação de 70% da
frota hoje. "Temos que manter os
serviços. Há motoristas que querem trabalhar", afirmou.
A paralisação no ABC paulista
deixa praticamente todos os
usuários sem alternativa de transporte, já que a região não tem linhas de metrô e os serviços de perueiros são restritos.
Em São Paulo, onde os ônibus
transportam 4 milhões de usuários por dia, a maior greve de motoristas e cobradores neste ano
aconteceu em abril, prejudicando
1,6 milhão de pessoas.
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