São Paulo, sexta-feira, 31 de maio de 2002

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CASO BELO

Cantor é acusado de associação com o narcotráfico; segundo advogado, ele "vai se apresentar na hora certa"

Polícia considera pagodeiro foragido

Ernesto Rdrigues - 29.ago.2000/Folha Imagem
O cantor Belo, suspeito de envolvimento com tráfico de drogas


MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO

O cantor Marcelo Pires Vieira, o Belo, 28, foi considerado ontem foragido pela polícia do Rio, que tenta desde a noite de quarta-feira cumprir a prisão preventiva decretada pela juíza da 34ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio, Rute Lins Viana.
O pagodeiro é acusado de associação com o narcotráfico. Segundo seu advogado, Alberto Louvera, ele teria ido para São Paulo e "vai se apresentar no momento certo, na hora certa".
O cantor deixará de ser foragido caso a Justiça conceda o pedido de habeas corpus que foi feito na tarde de ontem por seus advogados, segundo informou o chefe da Polícia Civil, delegado Zaqueu Teixeira. A Justiça não tinha recebido o pedido até as 22h30 de ontem.
"Precisamos ter acesso a todas as peças do inquérito para depois decidir que rumos vamos tomar", disse Louvera. Ele informou que pretende "questionar a legalidade da ordem de prisão".
A prisão de Belo foi decretada às 20h de quarta-feira. Logo depois, policiais da Draco (Divisão de Repressão ao Crime Organizado) estiveram na casa do cantor, no Recreio dos Bandeirantes (zona oeste), com o mandado de prisão, mas não o encontraram.
De acordo com o delegado Zaqueu Teixeira, a namorada de Belo, a modelo Viviane Araújo, disse que ele havia saído para um show.
A polícia, segundo Teixeira, procurou o cantor nas duas casas de espetáculo onde ele tinha shows marcados na quarta-feira: a Via Brasil, em Irajá (zona norte), e a Via Show, em São João de Meriti (município da Baixada Fluminense). Belo não foi encontrado nos dois locais. Ontem à tarde, a polícia voltou à casa do pagodeiro, e ele não estava.
De acordo com a denúncia oferecida pelo Ministério Público do Rio, o envolvimento de Belo com o tráfico de drogas teria ficado comprovado na terça-feira, quando o perito Ricardo Molina, da Unicamp, divulgou o laudo indicando ser do cantor a voz do homem que conversa com o traficante Valdir Ferreira, o Vado, gerente do tráfico na favela do Jacarezinho, na zona norte do Rio.
A gravação da conversa foi feita pela Polícia Civil do Rio, com autorização da Justiça.
Nas gravações, o traficante Vado pede R$ 11 mil a uma pessoa, que seria Belo, para comprar um "tecido fino". Em troca, cederia um tênis AR. De acordo com a polícia, tecido fino seria cocaína e tênis AR, um fuzil AR-15.
Além de Belo, a juíza Rute Lins Viana decretou a prisão de mais 20 pessoas acusadas de envolvimento com o tráfico de drogas na favela do Jacarezinho, entre elas o traficante Márcio José Guimarães, o Tchaca, o líder comunitário Antônio Carlos Ferreira Gabriel, o Rumba, e o sargento Jucimar Pereira de Carvalho, do Serviço Reservado do 3º Batalhão da Polícia Militar. Dos 20 acusados, 10 estão presos, incluindo Tchaca, o chefe da quadrilha, Rumba e o sargento da PM. Nenhum deles obteve habeas corpus para responder ao processo em liberdade.
De acordo com Zaqueu Teixeira, 15 equipes da Draco, responsável pelo inquérito sobre a quadrilha de Tchaca, estão à procura de Belo. Cópia do mandado de prisão foi enviada à Polícia Federal.
A namorada de Belo, Viviane Araújo, não foi encontrada em casa. Seu telefone celular estava fora de área. Ao depor, na semana passada, o pagodeiro negou qualquer envolvimento com o tráfico.
Colaboraram Karine Rodrigues, free-lance para a Folha, e Ana Paula Grabois, da Folha Online

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