São Paulo, sexta-feira, 31 de maio de 2002

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Família é acusada de vigiar cativeiro

DO "AGORA"

Verônica Agra da Silva, de 40 anos, e suas filhas, de 16, 13 e 11 anos, são acusadas de participar de um sequestro, mantendo refém na própria casa uma mulher sequestrada em semáforo na zona sul de São Paulo.
As quatro foram detidas por volta da 0h de ontem, logo após a libertação da gerente de loja C.O.S., 33, que ficou três horas em poder de uma quadrilha.
C.O.S. foi sequestrada por volta das 19h de anteontem. Co um revólver, os adolescentes identificados como Leo e Risadinha cercaram o carro dela, um Fiesta, num semáforo da estrada de Itapecerica, Capão Redondo.
A gerente foi obrigada a dirigir até a casa de Verônica, na travessa Sempre-Verde, Cohab Adventista, também no Capão. C., então, teve de revelar as senhas dos seus cartões e explicou aos bandidos que não tinha dinheiro no banco, mas eles não acreditaram.
Enquanto Leo saiu para fazer os saques, a refém ficou no quarto da casa, vigiada por Risadinha e pela filha mais velha de Verônica, a adolescente G.C.C.

Outra vítima
G. teria dito à vítima que "um senhor de idade" já havia passado pelo cativeiro. "Ela disse que ele foi solto porque passou mal.", contou C.
Depois que Leo voltou -sem dinheiro-, a gerente foi levada de volta ao Fiesta e obrigada a dirigir até a rua Otusco, nas proximidades, onde foi libertada. A dupla fugiu com o carro. A gerente conseguiu carona com um motoqueiro, que a levou até a delegacia, por volta das 23h.
Guiados pela vítima, investigadores do 47º DP (Capão Redondo) e da 6ª Seccional (Santo Amaro) chegaram ao cativeiro, onde mãe e as três filhas foram presas em flagrante.
O delegado Antonio Carlos da Silva, da 6ª Seccional, afirmou que a polícia encontrou na casa pedaços rasgados de um talão de cheques pertencente a uma pessoa que ainda não foi identificada. "Isso indica que o local pode ter servido de cativeiro para outras pessoas, além da gerente."
Segundo ele, Verônica seria indiciada por cárcere privado, e suas filhas, levadas à Febem.
O carro de C. foi achado de madrugada, na favela do Jardim Marcelo, com a lateral amassada.

"Forçado pela dupla"
Verônica negou a acusação de ter participado do sequestro. Ela afirmou que foi surpreendida pelos bandidos. "A gente estava vendo novela e os meninos entraram de repente, trazendo a moça."
A dona-de-casa disse que ela e a família sobrevivem do que ganham do programa Renda Mínima, da prefeitura.
A filha mais velha, G.C.C., afirmou que a dupla de sequestradores era amiga de seu irmão de 20 anos, assassinado há cinco meses, após envolver-se com tráfico de drogas e roubo.
"Eu pensei em me revoltar e fazer que nem ele", contou a adolescente. "Mas a vida do crime é uma droga."



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