São Paulo, domingo, 31 de maio de 2009

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Secretária nega rodízio de moradores em albergues

DA REPORTAGEM LOCAL

A vice-prefeita e secretária da Assistência Social, Alda Marco Antonio, negou haver um rodízio entre os albergues de São Paulo. Disse que deveria existir um tempo máximo de permanência, mas não há.
Essa informação foi dada no dia 21, quando a reportagem ainda apurava a situação dos moradores de rua na capital. Depois de conseguir os documentos e testemunhos sobre a transferência entre as unidades, a Folha tentou falar com a vice-prefeita mais uma vez. Foram marcadas três datas (na quarta, quinta e sexta-feira), mas as entrevistas foram desmarcadas por problemas na agenda da vice-prefeita, segundo sua assessoria.
Na sexta-feira, a assessoria informou que ela estava numa série de compromissos externos e não poderia falar com a reportagem. Poderia responder, porém, as perguntas se fossem mandadas por e-mail.
A reportagem enviou quatro perguntas sobre o tema, mas até o fechamento desta edição não houve resposta. Entre elas por que não são criadas vagas em hotéis sociais. Conforme o município informou, a prefeitura paga diariamente R$ 8 por vaga em albergues e R$ 11 por vaga em hotéis sociais.
Na semana passada, ela disse: "Nós vamos trabalhar isso. [criação de vagas de moradias provisórias] Nós não temos as 3.000 vagas em hotéis hoje, mas nós vamos trabalhar. Nós não vamos colocar para fora de uma hora para outra. A pessoa precisa se sentir segura para dar o próximo passo", afirmou.
Com relação à obrigação da lei, que determina a progressão dos três estágios, ela admite existir um gargalo, mas não fala em prazo. "A gente quer que isso funcione assim, como um reloginho, como você descreveu [a reportagem mencionou a lei 12.316/97]. Mas às vezes tem pessoa que refuga, que dá um retrocesso", disse. "Eu tenho um gargalo, mas eu não tenho a premência de estrangular isso num tempo. Quando se trata de ser humano, eu não dou prazo", afirmou.
A Folha também questionou por e-mail se o número de albergados com condição de ir para um hotel social (3.000) não seria maior, já que na Câmara na quinta-feira ela disse que estava sendo "otimista" em apontá-lo.
De acordo com pesquisa encomendada pelo município em 2006, cerca de 74% dos albergados tinham trabalho. Se essa projeção fosse a mesma, o número de pessoas em condições de progredir seria de cerca de 6.000. A secretária e a assessoria não responderam.
Na semana passada, a reportagem solicitou à vice-prefeita o número de pessoas em albergues com mais de um ano de permanência. Ela disse que o espera de uma pesquisa sobre o assunto. "Estou dizendo que nós temos esses dados diários, mas não vou lhe passar", disse.
Fez, porém, um pequeno discurso sobre seu trabalho. "Essa pessoa que precisa da assistência já falhou consigo mesma. A família já falhou, a sociedade já falhou. O governo não tem o direito de falhar", afirmou.
Alda também disse que contratou a Fipe para fazer um censo de moradores de rua, já que o último foi em 2000 e hoje a prefeitura não tem uma ideia dessa população. "Até o final do ano nós vamos saber a quanto anda essa população", disse.
A reportagem solicitou à pasta o número de vezes que José Gomes Pinheiro, 45, passou pelas unidades no município. A assessoria ficou de encaminhar, mas não enviou. Quatro membros de movimentos sociais disseram à Folha que pode ser mais de 19 vezes, como ele fala. (RP)


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