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Secretária nega rodízio de moradores em albergues
DA REPORTAGEM LOCAL
A vice-prefeita e secretária
da Assistência Social, Alda
Marco Antonio, negou haver
um rodízio entre os albergues
de São Paulo. Disse que deveria
existir um tempo máximo de
permanência, mas não há.
Essa informação foi dada no
dia 21, quando a reportagem
ainda apurava a situação dos
moradores de rua na capital.
Depois de conseguir os documentos e testemunhos sobre a
transferência entre as unidades, a Folha tentou falar com a
vice-prefeita mais uma vez. Foram marcadas três datas (na
quarta, quinta e sexta-feira),
mas as entrevistas foram desmarcadas por problemas na
agenda da vice-prefeita, segundo sua assessoria.
Na sexta-feira, a assessoria
informou que ela estava numa
série de compromissos externos e não poderia falar com a
reportagem. Poderia responder, porém, as perguntas se fossem mandadas por e-mail.
A reportagem enviou quatro
perguntas sobre o tema, mas
até o fechamento desta edição
não houve resposta. Entre elas
por que não são criadas vagas
em hotéis sociais. Conforme o
município informou, a prefeitura paga diariamente R$ 8 por
vaga em albergues e R$ 11 por
vaga em hotéis sociais.
Na semana passada, ela disse: "Nós vamos trabalhar isso.
[criação de vagas de moradias
provisórias] Nós não temos as
3.000 vagas em hotéis hoje,
mas nós vamos trabalhar. Nós
não vamos colocar para fora de
uma hora para outra. A pessoa
precisa se sentir segura para
dar o próximo passo", afirmou.
Com relação à obrigação da
lei, que determina a progressão
dos três estágios, ela admite
existir um gargalo, mas não fala
em prazo. "A gente quer que isso funcione assim, como um
reloginho, como você descreveu [a reportagem mencionou
a lei 12.316/97]. Mas às vezes
tem pessoa que refuga, que dá
um retrocesso", disse. "Eu tenho um gargalo, mas eu não tenho a premência de estrangular isso num tempo. Quando se
trata de ser humano, eu não
dou prazo", afirmou.
A Folha também questionou
por e-mail se o número de albergados com condição de ir
para um hotel social (3.000)
não seria maior, já que na Câmara na quinta-feira ela disse
que estava sendo "otimista" em
apontá-lo.
De acordo com pesquisa encomendada pelo município em
2006, cerca de 74% dos albergados tinham trabalho. Se essa
projeção fosse a mesma, o número de pessoas em condições
de progredir seria de cerca de
6.000. A secretária e a assessoria não responderam.
Na semana passada, a reportagem solicitou à vice-prefeita
o número de pessoas em albergues com mais de um ano de
permanência. Ela disse que o
espera de uma pesquisa sobre o
assunto. "Estou dizendo que
nós temos esses dados diários,
mas não vou lhe passar", disse.
Fez, porém, um pequeno discurso sobre seu trabalho. "Essa
pessoa que precisa da assistência já falhou consigo mesma. A
família já falhou, a sociedade já
falhou. O governo não tem o direito de falhar", afirmou.
Alda também disse que contratou a Fipe para fazer um
censo de moradores de rua, já
que o último foi em 2000 e hoje
a prefeitura não tem uma ideia
dessa população. "Até o final do
ano nós vamos saber a quanto
anda essa população", disse.
A reportagem solicitou à pasta o número de vezes que José
Gomes Pinheiro, 45, passou
pelas unidades no município. A
assessoria ficou de encaminhar, mas não enviou. Quatro
membros de movimentos sociais disseram à Folha que pode ser mais de 19 vezes, como
ele fala.
(RP)
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