São Paulo, domingo, 31 de maio de 2009

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Moradores de rua criticam estrutura de albergues

JOÃO PAULO GONDIM
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O ex-faxineiro Wesley Francisco da Silva, 42, completa em julho quatro anos na rua. Mora na calçada em frente à Comissão dos Direitos Humanos da OAB-SP, ao lado do Pátio do Colégio, onde, em 1554, aconteceu a "primeira missa", que entrou para a história como o dia da fundação de São Paulo. Silva diz que sonha em deixar as ruas, mas nunca mais vai voltar para um albergue. "Me jogaram na rua no momento em que eu mais precisava: estava sem dinheiro, doente e desempregado. Isso me revoltou." Quando entrou num albergue, não havia conhecido as ruas. No começo, até achou uma "maravilha". Conseguiu um emprego com 30 dias de casa e até apareceu numa de reportagem de TV como exemplo de sucesso. Hoje, diz acreditar apenas ter sido usado pela direção do albergue.

Seis meses
O ex-locutor de rádio Rogério Aparecido Nogueira Souza, 38, é outro que diz que nunca mais volta para um albergue onde permaneceu por seis meses. Mora há quatro anos na rua, na porta de uma floricultura, no largo São Francisco. "Albergue é um depósito de gente e oficina de marginais", diz. "Eu sou um mendigo, mas eu tenho nojo de tudo lá dentro", disse. O cearense Francisco Teixeira da Silva, 45, está há oito meses morando nas ruas, também no largo São Francisco. Viveu oito meses num albergue. Tinha carteira assinada e renda como prevê a legislação para progredir, mas nunca lhe foi oferecida uma moradia provisória. Pelo contrário. Teve que sair do albergue após se desentender com um monitor da unidade e, quando suas economias acabaram, foi para a rua. Essas economias foram gastas com aluguel de quarto e com a compra de mercadorias para revender como camelô. Porém, os fiscais da prefeitura as tomaram. "Eu vou sair daqui. É só por um tempo", disse.


Colaborou ROGÉRIO PAGNAN , da Reportagem Local


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