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TRAGÉDIA EM PERUS
Para secretário, gravação do diálogo entre centro de operação e estação de Perus servirá para reconstituir ações
CPTM apura demora para retirar passageiro
CHICO DE GOIS
DA REPORTAGEM LOCAL
O secretário dos Transportes
Metropolitanos, Cláudio de Senna Frederico, disse que a CPTM
(Companhia Paulista de Trens
Metropolitanos) vai fazer uma reconstituição da cronologia do acidente para saber se era possível
retirar os passageiros do trem e da
plataforma da estação de Perus
(zona oeste) antes do acidente.
Na sexta-feira, um comboio que
estava estacionado na estação Jaraguá perdeu os freios e se chocou
com um trem parado em Perus.
Nove pessoas morreram e 105 ficaram feridas.
"Embora o principal objetivo
seja descobrir o que realmente
aconteceu, a cronologia é importante para saber quais foram as
atitudes tomadas em relação à situação", disse Frederico.
O secretário afirmou que por
meio das gravações entre o CCO
(Centro de Controle Operacional)
e a estação será possível reconstituir as ações.
De acordo com Frederico, depois que se soube que um trem
sem freios se dirigia à estação Perus, a primeira coisa que se tentou
fazer foi retirar o comboio que estava estacionado na estação.
Porém, isso não foi possível.
Duas hipóteses estão sendo estudadas. A primeira é que não havia
energia elétrica na rede e, por isso,
o trem não se moveu.
A segunda é que as portas não
fecharam, inviabilizando a partida do comboio. Ainda não se sabe
exatamente por que as portas não
fecharam.
A operação de embarque e desembarque dos trens é feita em
torno de dois minutos. Como o
trem desgovernado gastou entre
sete e nove minutos para atingir o
comboio estacionado, Frederico
quer saber todos os procedimentos adotados e em que espaço de
tempo foram realizados.
Maquinistas
Para maquinistas da CPTM, a
tragédia poderia ter sido evitada.
De acordo com esses funcionários, na linha ao lado do comboio
127, responsável pelo acidente,
havia uma locomotiva movida a
diesel e que é utilizada para rebocar vagões com problemas.
Os maquinistas afirmaram que
a locomotiva poderia ter sido deslocada para o trilho do trem com
problema e, dessa forma, evitado
que ele se movesse. Ao invés disso, o último recurso utilizado para
tentar parar o comboio foi um
calço de madeira.
O secretário discorda dessa avaliação. Para ele, o problema que
estava sendo enfrentado até aquele momento não era retirar um
trem quebrado, mas fazer a linha
voltar a operar.
Por isso, segundo Frederico, a
hipótese de utilizar a locomotiva
não foi levada adiante.
"Isso é um daqueles casos típicos do pensamento a posteriori,
como, por exemplo, "se a locomotiva tivesse ido lá....'"
Os funcionários da CPTM também disseram que o comboio que
provocou o acidente não havia sido reformado, ao contrário do
que afirmou a direção da CPTM.
Frederico disse, porém, que não
foi isso que causou o acidente.
Compressores
Um maquinista que não quis se
identificar por temer represálias
afirmou que os trens têm quatro
compressores, mas somente três
funcionam, o que, segundo esse
funcionário, contribui para a falta
de segurança nos trens.
"Isso não tem nada a ver porque
há o que se chama de redundância, isto é, o comboio pode funcionar sem problemas com três compressores; o quarto é acionado
apenas em caso de necessidade."
O secretário disse que a perda
do sistema de freio "é inevitável"
depois de algum tempo que o
trem está parado e os compressores não estão funcionando por
causa da perda de energia.
Frederico afirmou que a expectativa é de que hoje à tarde os
trens voltem a circular normalmente pela estação Perus. A estação será reconstruída. Hoje a tarifa não deverá ser cobrada.
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