|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Uma das medidas é a liberação de R$ 100 milhões para recuperação de imóveis em regiões centrais de grandes cidades
Lula antecipa pacote que beneficia sem-teto
OTÁVIO CABRAL
DO PAINEL, EM BRASÍLIA
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Palácio do Planalto considera
a questão dos sem-teto mais grave
do que a dos sem-terra. Por isso, o
presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu ao ministro Olívio Dutra
(Cidades) que antecipe o lançamento de medidas que facilitem o
acesso ao crédito imobiliário à
população de baixa renda nas regiões metropolitanas.
Na avaliação do Planalto, segundo a Folha apurou, o movimento dos sem-teto tem crescido
significativamente devido ao aumento do desemprego nas regiões metropolitanas e envolve
questões mais complexas do que
o dos sem-terra.
Os sem-teto não têm organização formal, fazem suas invasões
em áreas centrais urbanas, o que
gera sensação de desestruturação
social com aumento de violência,
o que poderia causar um efeito
negativo na popularidade do governo Lula.
Na avaliação do Planalto, já os
sem-terra, apesar do aumento do
número de invasões, ainda não
causaram tantos problemas como
no governo anterior, quando chegaram a invadir a fazenda dos filhos do presidente Fernando
Henrique Cardoso em Minas.
Para tentar conter o avanço das
invasões urbanas, o governo
anunciará até o início da próxima
semana duas medidas.
Serão liberados imediatamente
R$ 100 milhões para recuperação
de imóveis em regiões centrais de
grandes cidades, a maioria para a
instalação de sem-teto. Em São
Paulo, o programa, que usa dinheiro do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador), pretende recuperar 30 prédios, que podem
abrigar até 40 mil pessoas ainda
neste ano.
Outra medida, que não atinge
diretamente o sem-teto desempregado e sem renda fixa, é a ampliação do Programa de Subsídio
à Habitação de Interesse Social,
que permite a compra de imóveis
pela população de baixa renda
-""candidata" a virar sem-teto.
O programa hoje prevê o acesso
de famílias com renda de até três
salários mínimos a empréstimos
de R$ 4.500 para a compra de
imóveis avaliados em até R$ 10
mil. Com a ampliação, famílias
que ganham até seis salários mínimos receberão até R$ 6.000 para
comprar casas de até R$ 21 mil.
O projeto usa recursos do FGTS
(Fundo de Garantia do Tempo de
Serviço) e pretende liberar até o final deste ano R$ 350 milhões.
A antecipação desses dois projetos foi decidida ontem em reunião entre os ministros Olívio Dutra, José Dirceu (Casa Civil) e Guido Mantega (Planejamento) e o
secretário da Habitação, Jorge
Hereda.
A liberação de recursos já foi
aprovada pela equipe econômica
e depende apenas de uma portaria administrativa a ser assinada
por Lula, o que pode ocorrer ainda nesta semana.
Mesmo com essas medidas, o
governo avalia que a questão dos
sem-teto continuará preocupante. A liberação de recursos é apenas um paliativo que não resolverá imediatamente o problema de
habitação urbana.
Sobre a invasão do terreno da
Volkswagen em São Bernardo do
Campo (ABC), o governo descartou a compra ou permuta (troca)
da área onde cerca de 4.000 famílias do MTST (Movimento dos
Trabalhadores Sem Teto) estão
acampadas. Hereda deve propor
em reunião marcada para hoje
com o governador paulista, Geraldo Alckmin, o cadastramento
das famílias nos programas de habitação do governo.
Texto Anterior: Muito além dos Jardins: Militantes chegam a áreas nobres Próximo Texto: Panorâmica - Polícia: Turista dos EUA é agredido em assalto no Rio Índice
|