São Paulo, sábado, 31 de julho de 2004

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JUSTIÇA

Condenação inclui duas tentativas de homicídio depois de uma discussão de trânsito em que Tainá, 5, foi baleada

Rapaz pega 16 anos após matar menina

VICTOR RAMOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Rodrigo Henrique Farrampa Guilherme foi condenado ontem, em júri popular, a 16 anos de prisão em regime fechado. Guilherme foi julgado pela morte de Tainá Alves Mendonça, 5, e por outras duas tentativas de homicídio, ocorridas após uma discussão de trânsito em agosto de 2002.
O julgamento, que durou dois dias, aconteceu no 5º Tribunal do Júri de São Paulo, na Barra Funda (zona oeste). Os jurados entenderam que o crime aconteceu por um motivo fútil -o acidente de trânsito- e sem que o réu desse chance de defesa às vítimas. A tese de que Guilherme teria agido em legítima defesa não foi aceita.
O advogado do réu, Ubirajara Mangini, afirmou que irá recorrer da decisão. Segundo ele, parte das decisões tomadas pelos jurados contrariou as provas contidas no processo. De acordo com Mangini, o "sensacionalismo" em torno do caso prejudicou o julgamento.
Apesar da condenação de Guilherme, a Promotoria e os familiares de Tainá mostraram-se insatisfeitos. Eles esperavam que o réu fosse condenado a um período maior de prisão. Por isso, também haverá recurso por parte do Ministério Público.
A Promotoria não manteve a acusação inicial, segundo a qual Guilherme teria assumido o risco de matar Tainá. No entanto, a tentativa de matar o tio dela, Fábio Valente de Mendonça Júnior -com o tiro que acabou por acertar Tainá- lhe valeu a acusação por homicídio doloso (com intenção de matar).
Também foi retirada a acusação de tentativa de homicídio contra o irmão de Tainá, Lucas, que, à época dos acontecimentos, tinha três anos, e estava ao lado da menina no momento dos disparos.
Além da condenação pela morte de Tainá, Guilherme foi condenado pelas tentativas de homicídio do advogado Marcos Vassiliades Pereira, que foi atingido por um disparo, e do empresário Alexandre Certo.
Familiares de Tainá e de Guilherme estiveram presentes nos dois dias de julgamento, em vários momentos demonstrando emoção. A mãe de Guilherme, Maria Conceição Farrampa, afirmou que o filho "não é bandido como o povo está falando".
Já Rosana Alves, mãe da menina morta, disse que ficou "aliviada" quando soube que os jurados haviam decidido pela condenação de Guilherme. "A justiça foi feita", disse, antes de saber do período de prisão determinado pelo juiz Cassiano Ricardo Zorzi Rocha.
Depois, afirmou que o juiz "foi um anjo para um assassino", em referência a Guilherme.
O julgamento foi marcado pelas tentativas do promotor Marcelo Orlando Mendes e da defesa de Guilherme em apontar contradições nos relatos feitos pelo réu e pelas vítimas, respectivamente.
A possibilidade de que o advogado Pereira tivesse escapado de ter sido ferido por um eventual segundo tiro, além do que o atingiu, graças a uma caneta que levava no bolso, foi descartada.
A discussão de trânsito foi iniciada, no dia 11 de agosto de 2002, depois que o Monza de Guilherme, que era dirigido por um adolescente, atingiu de raspão o Astra de Pereira. O advogado, em seu carro, o tio de Tainá, Valente Jr., e o empresário Certo, no Kadett em que estavam Tainá e Lucas, decidiram perseguir o Monza.
Em uma rua próxima à praça Panamericana, os carros pararam. Guilherme disparou a arma que um outro adolescente em seu carro portava, matando Tainá.


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