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JUSTIÇA
Condenação inclui duas tentativas de homicídio depois de uma discussão de trânsito em que Tainá, 5, foi baleada
Rapaz pega 16 anos após matar menina
VICTOR RAMOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Rodrigo Henrique Farrampa
Guilherme foi condenado ontem,
em júri popular, a 16 anos de prisão em regime fechado. Guilherme foi julgado pela morte de Tainá Alves Mendonça, 5, e por outras duas tentativas de homicídio,
ocorridas após uma discussão de
trânsito em agosto de 2002.
O julgamento, que durou dois
dias, aconteceu no 5º Tribunal do
Júri de São Paulo, na Barra Funda
(zona oeste). Os jurados entenderam que o crime aconteceu por
um motivo fútil -o acidente de
trânsito- e sem que o réu desse
chance de defesa às vítimas. A tese
de que Guilherme teria agido em
legítima defesa não foi aceita.
O advogado do réu, Ubirajara
Mangini, afirmou que irá recorrer
da decisão. Segundo ele, parte das
decisões tomadas pelos jurados
contrariou as provas contidas no
processo. De acordo com Mangini, o "sensacionalismo" em torno
do caso prejudicou o julgamento.
Apesar da condenação de Guilherme, a Promotoria e os familiares de Tainá mostraram-se insatisfeitos. Eles esperavam que o réu
fosse condenado a um período
maior de prisão. Por isso, também haverá recurso por parte do
Ministério Público.
A Promotoria não manteve a
acusação inicial, segundo a qual
Guilherme teria assumido o risco
de matar Tainá. No entanto, a tentativa de matar o tio dela, Fábio
Valente de Mendonça Júnior
-com o tiro que acabou por
acertar Tainá- lhe valeu a acusação por homicídio doloso (com
intenção de matar).
Também foi retirada a acusação
de tentativa de homicídio contra
o irmão de Tainá, Lucas, que, à
época dos acontecimentos, tinha
três anos, e estava ao lado da menina no momento dos disparos.
Além da condenação pela morte de Tainá, Guilherme foi condenado pelas tentativas de homicídio do advogado Marcos Vassiliades Pereira, que foi atingido por
um disparo, e do empresário Alexandre Certo.
Familiares de Tainá e de Guilherme estiveram presentes nos
dois dias de julgamento, em vários momentos demonstrando
emoção. A mãe de Guilherme,
Maria Conceição Farrampa, afirmou que o filho "não é bandido
como o povo está falando".
Já Rosana Alves, mãe da menina
morta, disse que ficou "aliviada"
quando soube que os jurados haviam decidido pela condenação
de Guilherme. "A justiça foi feita",
disse, antes de saber do período
de prisão determinado pelo juiz
Cassiano Ricardo Zorzi Rocha.
Depois, afirmou que o juiz "foi
um anjo para um assassino", em
referência a Guilherme.
O julgamento foi marcado pelas
tentativas do promotor Marcelo
Orlando Mendes e da defesa de
Guilherme em apontar contradições nos relatos feitos pelo réu e
pelas vítimas, respectivamente.
A possibilidade de que o advogado Pereira tivesse escapado de
ter sido ferido por um eventual segundo tiro, além do que o atingiu,
graças a uma caneta que levava no
bolso, foi descartada.
A discussão de trânsito foi iniciada, no dia 11 de agosto de 2002,
depois que o Monza de Guilherme, que era dirigido por um adolescente, atingiu de raspão o Astra
de Pereira. O advogado, em seu
carro, o tio de Tainá, Valente Jr., e
o empresário Certo, no Kadett em
que estavam Tainá e Lucas, decidiram perseguir o Monza.
Em uma rua próxima à praça
Panamericana, os carros pararam. Guilherme disparou a arma
que um outro adolescente em seu
carro portava, matando Tainá.
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