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EDUCAÇÃO
Para ex-ministro, a administração federal deveria ter fechado faculdades com base nos resultados do provão
Controle do governo divide educadores
da Reportagem Local
O grau de rigor e controle do governo federal sobre as instituições
que desejam se tornar universidades divide representantes tanto do
setor público como do privado.
Para o ex-ministro da Educação
(governo Collor) e ex-reitor da
USP (Universidade de São Paulo),
José Goldemberg, o governo federal e o CNE (Conselho Nacional de
Educação) deveriam ser mais exigentes antes dessa transformação.
"Eu prefiro ser extremamente
rigoroso na concessão da licença e
depois fazer uma verificação a cada cinco anos", afirma.
Segundo ele, as avaliações posteriores são limitadas. Na sua opinião, o provão, adotado no final
do ano passado, deveria ter provocado o fechamento das instituições
consideradas de baixa qualidade.
"Isso não foi feito, o provão não
foi levado a suas últimas consequências", diz. "Eu acho que ele
teria mais credibilidade se já tivesse fechado algumas faculdades."
O professor Rogério Meneghini,
professor titular do Instituto de
Química e ex-presidente da Comissão de Avaliação da USP, se diz
mais liberal nesse aspecto.
Segundo ele, as limitações estão
nas avaliações anteriores à concessão do título de universidade.
"Toda essa cobrança a priori é absolutamente inútil", diz. "Há situações escabrosas, mas, no geral,
eu seria mais flexível."
Meneghini diz que o nome "universidade" poderia ser "guardado" para depois de um determinado período. "Mas eu daria um crédito para que esses grupos operassem com flexibilidade."
O reitor da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), José
Martins Filho, diz que uma das deficiências dos exames de avaliação
de cursos é o fato de não impedirem que a sociedade receba um
profissional mal preparado.
"Preocupa-me o fato de o provão verificar que está ruim e deixar
a pessoa exercer a profissão", diz
Martins Filho. "O provão avalia o
produto final, mas outras avaliações têm de ser feitas antes."
A ABM (Associação Brasileira de
Mantenedoras) defende maior liberdade para o setor.
"O grande negócio é apostar na
seriedade das pessoas", afirma o
presidente da entidade e reitor da
Universidade da Amazônia, Edson
Franco, 60.
Franco diz que o governo deve
concentrar a avaliação das novas
universidades depois de esse título
ser concedido. "Não tem como ser
a priori mesmo, toda avaliação
educacional tem que ser construtiva", afirma.
O presidente da UNE (União Nacional dos Estudantes), Ricardo
Cappelli, 25, diz que nenhuma
avaliação posterior terá condições
de retirar um título de universidade. "Se não existe critério técnico
para conceder o nome 'universidade', por que vai haver critério
para retirar?"
(ROGÉRIO SIMÕES)
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