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MANAUS
Artesão morre queimado em manicômio
KÁTIA BRASIL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS
O artesão Wanderlan Abss Farah, 57, morreu queimado quando estava imobilizado com uma
camisa-de-força na cama de uma
enfermaria do Centro Psiquiátrico Eduardo Ribeiro, em Manaus,
um manicômio estadual. Ele
aguardava atendimento quando
atearam fogo ao colchão.
Alcoolizado, Farah teve queimaduras de terceiro grau em boa
parte do corpo. O caso, ocorrido
no dia 21, só foi divulgado anteontem pelas autoridades de Manaus.
O artesão ficou internado na ala
de queimados do pronto-socorro
28 de Agosto, mas não resistiu aos
ferimentos e morreu no último
domingo. Uma sindicância deverá ser concluída amanhã pela direção do manicômio para apontar os envolvidos no caso.
Segundo o irmão da vítima, o
aposentado da Petrobras Laerson
Farah, Wanderlan deveria fazer
uma consulta com uma psiquiatra em razão do alcoolismo, mas
foi tratado como doente mental.
"A médica não o teria atendido,
ele ficou revoltado e começou a
discutir. Após ser queimado, ainda lúcido, me contou que dois
funcionários o levaram para um
quarto e colocaram a camisa-de-força", afirmou Laerson.
"Dois homens se aproximaram
rindo e atearam fogo na cama
com fósforo", disse.
No pronto-socorro, Laerson
disse que o centro não investigou
o caso. "Havia tempo de fazer retrato falado. O hospital só agiu
quando ele morreu."
A psiquiatra Maria Célia de Lima, que atendeu o artesão, disse
que ele chegou embriagado. "Não
podia fazer uma sedação. Prescrevi uma contenção (imobilização)". Maria Célia disse não ter
ouvido os gritos do artesão.
Segundo a médica, Wanderlan
contou que "um paciente ateou
fogo", mas não houve tempo para
identificar o culpado. A médica
disse que ninguém pode entrar no
manicômio com fósforos. "Não
sei se houve falha na vistoria".
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