São Paulo, quinta-feira, 31 de agosto de 2000


Envie esta notícia por e-mail para
assinantes do UOL ou da Folha
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

MANAUS

Artesão morre queimado em manicômio

KÁTIA BRASIL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS

O artesão Wanderlan Abss Farah, 57, morreu queimado quando estava imobilizado com uma camisa-de-força na cama de uma enfermaria do Centro Psiquiátrico Eduardo Ribeiro, em Manaus, um manicômio estadual. Ele aguardava atendimento quando atearam fogo ao colchão.
Alcoolizado, Farah teve queimaduras de terceiro grau em boa parte do corpo. O caso, ocorrido no dia 21, só foi divulgado anteontem pelas autoridades de Manaus.
O artesão ficou internado na ala de queimados do pronto-socorro 28 de Agosto, mas não resistiu aos ferimentos e morreu no último domingo. Uma sindicância deverá ser concluída amanhã pela direção do manicômio para apontar os envolvidos no caso.
Segundo o irmão da vítima, o aposentado da Petrobras Laerson Farah, Wanderlan deveria fazer uma consulta com uma psiquiatra em razão do alcoolismo, mas foi tratado como doente mental.
"A médica não o teria atendido, ele ficou revoltado e começou a discutir. Após ser queimado, ainda lúcido, me contou que dois funcionários o levaram para um quarto e colocaram a camisa-de-força", afirmou Laerson.
"Dois homens se aproximaram rindo e atearam fogo na cama com fósforo", disse.
No pronto-socorro, Laerson disse que o centro não investigou o caso. "Havia tempo de fazer retrato falado. O hospital só agiu quando ele morreu."
A psiquiatra Maria Célia de Lima, que atendeu o artesão, disse que ele chegou embriagado. "Não podia fazer uma sedação. Prescrevi uma contenção (imobilização)". Maria Célia disse não ter ouvido os gritos do artesão.
Segundo a médica, Wanderlan contou que "um paciente ateou fogo", mas não houve tempo para identificar o culpado. A médica disse que ninguém pode entrar no manicômio com fósforos. "Não sei se houve falha na vistoria".


Texto Anterior: Saúde: Vítima de acidente "congestiona" serviços
Próximo Texto: Para diretor, caso foi "fatalidade"
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.