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PERFIL
Para Silvio Santos, que costuma dirigir desacompanhado, sua fama o protege de agressores
Empresário evita andar com segurança
DANIEL CASTRO
COLUNISTA DA FOLHA
O empresário e apresentador
Senor Abravanel, o Silvio Santos, 70, nunca gostou de andar
com seguranças. Há quem duvide, mas é comum encontrá-lo
saindo do salão de Jassa, o amigo
cabeleireiro, caminhando sozinho pela calçada da rua Iguatemi, no Itaim Bibi, em São Paulo.
Ele dirige seus próprios carros
(o preferido é um Lincoln Continental). Quando dirige acompanhado, quase sempre é de algum
diretor de suas empresas.
Silvio, segundo pessoas próximas, sempre achou que sua fama seria sua melhor segurança.
"Ninguém vai me sequestrar.
Sou muito grande para esconderem. E minha risada é muito conhecida, qualquer um pode perceber", dizia o apresentador, em
tom de brincadeira.
Silvio Santos é um homem discreto e familiar. Não gosta de badalações. Raramente vai a festas
ou restaurantes. Vez ou outra vai
ao teatro. Prefere investir parte
de seu ganho anual, de cerca de
US$ 30 milhões, em viagens,
principalmente para a Flórida.
Há um mês, ele fez um programa diferente. Passou uma semana no hotel The Palace, que se intitula seis estrelas. Fica em Sun
City, na África do Sul. Lá, Silvio
Santos fez um safári.
Quando está no Brasil, sua rotina é quase sempre a mesma.
Acorda cedo, por volta das 6h, e
faz exercícios -cerca de uma
hora de esteira e flexões. Ele não
lê jornais. Diz ter alergia à tinta.
Nos dias em que grava seus
programas, passa antes, por volta das 7h30, no salão de Jassa
-onde arruma o penteado e, a
cada 15 dias, tinge o cabelo com
uma mistura de dois tons de loiro. Chega ao SBT às 10h e sai de
lá no máximo às 19h. Às 20h,
janta com a família em sua casa,
no Morumbi. Nos dias em que
não grava, costuma despachar
em seu escritório, no Ibirapuera.
O empresário é de poucos
amigos. Além de Jassa, o apresentador Gugu Liberato, Luís
Sandoval (presidente do Grupo
Silvio Santos) e Rick Medeiros
(assessor, que serve de intérprete nas viagens para os Estados
Unidos) são os mais próximos.
Há três anos, Silvio profissionalizou a diretoria do SBT. Tirou
do comando o amigo Luciano
Callegari e o sobrinho Guilherme Stoliar (que negociou com os
sequestradores de Patrícia Abravanel), seus parceiros desde os
anos 60. Mas, mesmo assim, o
centralizador Silvio Santos continua dando a última palavra na
programação da emissora. Ele
costuma dizer que não interfere
no conteúdo dos programas,
desde que dêem audiência. Recentemente, tirou do ar a série
"The West Wing". Achou muito
"americanizada".
O apresentador costuma escrever bilhetes à mão. No SBT, é
idolatrado pelos funcionários.
Silvio Santos é de origem judaica e costuma jejuar. Atualmente, vive um conflito com sua
mulher, Iris, e com as filhas, que
viraram evangélicas e tentam
convertê-lo.
Título de eleitor
O empresário começou a trabalhar aos 14 anos, vendendo capas de títulos de eleitor nas ruas
do centro do Rio, onde nasceu.
Nos anos 60, começou a trabalhar na televisão.
Nunca foi empregado. Sempre
comprou horários nas emissoras e vendeu anúncios -boa
parte deles para suas próprias
empresas. Em 1981, fundou sua
rede de TV, o SBT, a segunda
maior do país (faturou R$ 430,2
milhões em 2000).
Hoje, Silvio Santos comanda
um conglomerado de 34 empresas, que faturaram no ano passado R$ 1,9 bilhão. As mais importantes do grupo são a Liderança
(Tele Sena) e o SBT.
Colaborou LAURA MATTOS, da Reportagem Local
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