São Paulo, sexta-feira, 31 de agosto de 2001

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O CASO ABRAVANEL

Depois de matar dois policiais em Barueri, Fernando Pinto passou a noite em terreno; apavorado, ele foi pedir ajuda a Silvio Santos, diz capitão da PM que conversou com o criminoso

Sequestrador dormiu na vizinhança

FABIANE LEITE E
GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL

O sequestrador Fernando Dutra Pinto disse que após o tiroteio com policiais civis dentro de um flat em Barueri, ocorrido anteontem à noite, ele decidiu retornar a São Paulo e dormiu num terreno perto da casa do empresário e apresentador Silvio Santos.
A informação foi dada na noite de ontem pelo capitão Samuel de Oliveira, do 3º Batalhão de Polícia Militar, que acompanhou conversa informal do sequestrador com policiais no COC (Centro de Observação Criminológica).
"Fernando Pinto falou que depois do tiroteio com os policiais civis ele acabou se apavorando e aí pensou em pedir ajuda a Silvio Santos", afirmou o capitão.
Segundo Oliveira, Fernando Pinto também confirmou algumas informações dadas por Patrícia Abravanel, após ser libertada do cativeiro, na terça-feira.
"Ele disse que em alguns momentos eles se ajoelhavam e oravam em grupo", disse o capitão.
Fernando Pinto chegou ao COC, no complexo Carandiru, às 15h07 de ontem. A escolta policial da casa do apresentador Silvio Santos até o local contou com batedores, dois carros da PM e dois furgões do Gate (Grupo de Ações Táticas Especiais).
Logo depois, chegou o delegado Itagiba Franco, do Depatri (Departamento de Investigações Sobre Crimes Patrimoniais), com o objetivo de ouvir o depoimento do sequestrador e também de lavrar o flagrante.
O advogado da família de Fernando Pinto, Laércio dos Santos, também foi ao COC para acompanhar o depoimento. Tanto Franco quanto Santos não tinham saído para falar com a imprensa até as 23h de ontem.
Policiais de Barueri foram ao COC entregar objetos deixados por Dutra Pinto no flat L" Etoile Residence. Entre eles, estariam armas, roupas e um comprovante de depósito bancário. Os policiais não disseram em qual banco e em nome de quem foi feito o depósito e nem o valor depositado.

Curiosos
A chegada do sequestrador atraiu a atenção de moradores de um Cingapura, que fica em frente ao COC. Curiosos se reuniram no portão do centro. A imprensa não pôde entrar no prédio. A unidade tem celas individuais e mais vagas do que presos. São 232 detentos num local que comporta 360.
Lá estão criminosos como Mateus da Costa Meira, o atirador do MorumbiShopping -crime ocorrido em 99. O COC é subordinado à Secretaria da Administração Penitenciária, sem ligação com a Polícia Civil ou Secretaria da Segurança Pública.
Quando foi criado, na década de 80, o presídio servia para a triagem dos detentos.
Atualmente, reúne policiais envolvidos com chacinas, estupradores e presos ameaçados, que não poderiam estar com os demais.


Colaborou ALESSANDRO SILVA, da Reportagem Local


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