São Paulo, sexta-feira, 31 de agosto de 2001

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BARBARA GANCIA

Show do sequestro termina em sorriso

Pois é, governador Geraldo Alckmin. Felizmente terminou com o sorriso, marca registrada de Silvio Santos, a segunda etapa do sequestro que envolveu a família Abravanel.
Meus parabéns pela sua pronta ação, pelo seu pulso firme. Congratulo-me com o senhor por ter colocado a preservação da vida da vítima em primeiro lugar. Já imaginou se o governador do Estado não tivesse atendido ao pedido do sequestrador?
Melhor não navegar por essa suposição lodacenta, não é mesmo, governador? Melhor não pensar que qualquer roteirista merreca de Hollywood teria se antecipado aos fatos.
Nos filmes americanos, como o governador bem sabe, em vista da ousadia demonstrada pelo sequestrador, que ainda estava à solta, e levando em conta o depoimento de Patrícia Abravanel, que perdoou seus algozes, as autoridades certamente teriam colocado ao menos um carro da polícia para montar guarda na frente da casa do apresentador.
Mas isso é coisa de filme americano, e nós lidamos com fatos concretos. Assim sendo, sensato governador Alckmin, o senhor já pensou se a segunda parte do sequestro com os Abravanel tivesse tido um desfecho nefando? E o seu futuro político, governador? E as chances de o PSDB eleger seu candidato nas eleições presidenciais?
Coisa cabeluda imaginar algo de ruim ocorrendo nestas circunstâncias com alguém da importância de um Silvio Santos, né não? Eu compreendo. O senhor teve de agir rápido. Houve pouco tempo para cálculos.
Mesmo assim, caro governador, me pergunto como Mario Covas teria atuado no seu lugar. O senhor já deve estar acostumado a essa comparação, não? Pois então. Será que o governador Covas teria cedido aos caprichos de um criminoso? Creio que nunca. Será que o governador Covas teria transformado São Paulo inteira em refém, dando um gosto a um sequestrador de primeira viagem?
Particularmente, meu governador, eu du-vi-de-o-dó. Acho que Mario Covas ficaria pê da vida com o senhor. Tenho a impressão de que, se ele estivesse entre nós, acharia que o senhor escancarou a porteira. Que nosso Geraldinho Alckmin deu provas de que o governo perdeu completamente o pulso da situção.
Amanhã vou assaltar um supermercado e exigirei a presença da Marta. Não, acho que prefiro o Gugu. Depois de sua atuação de ontem, governador, sei que tenho ótimas chances de que autoridades e figurões dêem as caras só para me prestigiar.

QUALQUER NOTA

Tacada 1
Fez a lição de casa a turma que jogou golfe com Clinton esta semana, na fazenda Santa Paciência. Mas, de nada adiantou os companheiros de jogo de Bill terem se preparado para debater com o ex-presidente tópicos de seu interesse. Ele passou 18 buracos falando só de golfe.

Tacada 2
Provou ser eficaz a tática de manter a conversa no campo de golfe voltada para o esporte. Assim, Clinton foi poupado de saber que um de seus companheiros de jogo era Carlos Mansur, irmão e ex-sócio do empresário Ricardo Mansur.



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