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BARBARA GANCIA
Show do sequestro termina em sorriso
Pois é, governador Geraldo Alckmin. Felizmente
terminou com o sorriso, marca registrada de Silvio Santos, a segunda etapa do sequestro que envolveu a família Abravanel.
Meus parabéns pela sua pronta
ação, pelo seu pulso firme. Congratulo-me com o senhor por ter
colocado a preservação da vida
da vítima em primeiro lugar. Já
imaginou se o governador do Estado não tivesse atendido ao pedido do sequestrador?
Melhor não navegar por essa
suposição lodacenta, não é mesmo, governador? Melhor não
pensar que qualquer roteirista
merreca de Hollywood teria se
antecipado aos fatos.
Nos filmes americanos, como o
governador bem sabe, em vista da
ousadia demonstrada pelo sequestrador, que ainda estava à
solta, e levando em conta o depoimento de Patrícia Abravanel, que
perdoou seus algozes, as autoridades certamente teriam colocado ao menos um carro da polícia
para montar guarda na frente da
casa do apresentador.
Mas isso é coisa de filme americano, e nós lidamos com fatos
concretos. Assim sendo, sensato
governador Alckmin, o senhor já
pensou se a segunda parte do sequestro com os Abravanel tivesse
tido um desfecho nefando? E o seu
futuro político, governador? E as
chances de o PSDB eleger seu candidato nas eleições presidenciais?
Coisa cabeluda imaginar algo
de ruim ocorrendo nestas circunstâncias com alguém da importância de um Silvio Santos, né
não? Eu compreendo. O senhor
teve de agir rápido. Houve pouco
tempo para cálculos.
Mesmo assim, caro governador,
me pergunto como Mario Covas
teria atuado no seu lugar. O senhor já deve estar acostumado a
essa comparação, não? Pois então. Será que o governador Covas
teria cedido aos caprichos de um
criminoso? Creio que nunca. Será
que o governador Covas teria
transformado São Paulo inteira
em refém, dando um gosto a um
sequestrador de primeira viagem?
Particularmente, meu governador, eu du-vi-de-o-dó. Acho que
Mario Covas ficaria pê da vida
com o senhor. Tenho a impressão
de que, se ele estivesse entre nós,
acharia que o senhor escancarou
a porteira. Que nosso Geraldinho
Alckmin deu provas de que o governo perdeu completamente o
pulso da situção.
Amanhã vou assaltar um supermercado e exigirei a presença
da Marta. Não, acho que prefiro o
Gugu. Depois de sua atuação de
ontem, governador, sei que tenho
ótimas chances de que autoridades e figurões dêem as caras só para me prestigiar.
QUALQUER NOTA
Tacada 1
Fez a lição de casa a turma
que jogou golfe com Clinton
esta semana, na fazenda Santa Paciência. Mas, de nada
adiantou os companheiros
de jogo de Bill terem se preparado para debater com o
ex-presidente tópicos de seu
interesse. Ele passou 18 buracos falando só de golfe.
Tacada 2
Provou ser eficaz a tática de
manter a conversa no campo
de golfe voltada para o esporte. Assim, Clinton foi poupado de saber que um de seus
companheiros de jogo era
Carlos Mansur, irmão e ex-sócio do empresário Ricardo
Mansur.
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