São Paulo, sexta-feira, 31 de agosto de 2001

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

RIO

Possível construção de batalhão em favela motivou protesto

Família acusa PMs de ter matado filho com tiro

DA SUCURSAL DO RIO

A família de Oswaldo Pedro Ribeiro, 22, que morreu na madrugada de ontem após ter sido baleado na cabeça durante o conflito entre moradores do complexo da Maré (zona norte do Rio) e a Polícia Militar, está acusando os policiais de terem feito os disparos.
O conflito ocorreu durante protestos dos moradores contra a construção de um batalhão da PM na favela Nova Holanda, uma das sete que formam o complexo da Maré. O batalhão ficará em um terreno da prefeitura que estava destinado a sediar a segunda parte da Vila Olímpica do complexo.
Nos protestos, os moradores fecharam a av. Brasil e a linha Vermelha, principais vias de acesso ao centro. A PM reagiu dando tiros para o alto. Duas pessoas ficaram feridas e oito foram presas.
Segundo o relações públicas da PM, tenente-coronel Nílton Lourenço, os policiais não dispararam os tiros que mataram Ribeiro. Ele disse que o rapaz foi baleado quando os manifestantes da Nova Holanda se dirigiram para a vizinha favela do Timbau.
O governador do Rio, Anthony Garotinho (PSB), disse que o conflito não mudará seus planos de construir o batalhão no local. Para o secretário de Segurança Pública, coronel Josias Quintal, a confusão foi orquestrada por traficantes.
Ontem, a PM deslocou 406 homens para fazer o policiamento do complexo da Maré. No entanto nenhum operário apareceu para as obras do batalhão.
O presidente da Vila Olímpica da Maré, Amaro Domingues, negou que o tráfico tenha organizado a manifestação de quarta-feira. "O protesto foi uma resposta da comunidade, que é contra a construção do batalhão naquele local."
Amaro afirmou que no dia 16 de agosto encaminhou pedido à Assembléia Legislativa, ao governador e ao Ministério da Justiça para que o batalhão não fosse construído na área de expansão do centro esportivo. "A comunidade está sendo vítima de uma violência, por ter tido ameaçado seu direito de cidadão de ter uma área de lazer", afirmou.
A assessoria de imprensa da prefeitura informou que a cessão do terreno para a Secretaria de Segurança foi autorizada pelo prefeito Cesar Maia (PFL). Segundo o secretário municipal de Esporte e Lazer, Ruy Cezar, o projeto de expansão da Vila Olímpica ainda está em andamento.


Texto Anterior: Educação: Cai número de matrículas de 1ª a 4ª série
Próximo Texto: Violência: Corpos de empresários são levados a Portugal
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.