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Contas da facção opõem Saulo à cúpula da PM
MARIO CESAR CARVALHO
KLEBER TOMAZ
DA REPORTAGEM LOCAL
O secretário da Segurança
Pública de São Paulo, Saulo de
Castro Abreu Filho, criou uma
frente de atrito com a cúpula da
Polícia Militar e com o Ministério Público Estadual ao mesmo
tempo. A razão do conflito é o
mapeamento das contas bancárias que seriam mantidas por
integrantes da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da
Capital).
Saulo considerou-se preterido pela Polícia Militar pelo fato
de um oficial que trabalha no
mapeamento das contas ter
passado dados para o Ministério Público e para o Departamento de Recuperação de Ativos, do Ministério da Justiça,
antes de informá-lo.
O secretário cogitou afastar o
major do grupo que investiga
essas contas, mas foi demovido
da idéia pelo comando da PM.
Na última semana, um tenente-coronel que trabalhava
junto com o Ministério Público
nessa tarefa foi afastado do mapeamento das contas, mas por
ter sido promovido a coronel.
Como o topo de carreira no serviço reservado da PM é para a
patente de tenente-coronel, esse oficial teve de sair dessa área
da polícia, que cuida das investigações mais delicadas e do
trabalho de inteligência.
As contas do PCC são investigadas em São Paulo por promotores do Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Repressão ao
Crime Organizado) em conjunto com oficiais do serviço reservado da PM.
Inimigo
Saulo, que foi promotor, trata
como inimigo o procurador-geral de Justiça do Estado de São
Paulo, Rodrigo César Rebello
Pinho. Uma das razões da rivalidade é que Pinho encaminhou
ao Tribunal de Justiça uma
acusação formal contra Saulo
por abuso de poder.
A acusação de abuso contra
Saulo refere-se ao episódio
ocorrido no ano passado no
restaurante Kosushi, no qual o
secretário irritou-se com o dono do local porque ele teria instalado cones na rua sem autorização e ordenou a sua prisão.
Depois, apurou-se que o dono
do restaurante não era o responsável pela lentidão no trânsito que irritara Saulo.
Com os primeiros ataques do
PCC, em maio deste ano, Pinho
passou a cobrar do secretário a
lista dos mortos pela polícia
nos conflitos, e a animosidade
entre os dois aumentou. Ameaçou processar o secretário caso
a lista não fosse entregue no
prazo de 72 horas.
Após os ataques da facção
criminosa, o Ministério Público ficou uma semana sem receber os sinais do Infocrim, a base
de dados com informações criminais mantida pela Secretaria
de Segurança.
A secretaria e a Prodam,
companhia municipal de processamento de dados, atribuíram a falha ao excesso de consultas ao Infocrim.
Não é só no relacionamento
com o Ministério Público que
Saulo tem problemas. A cúpula
da PM considera-se injustiçada
porque não recebeu o crédito
que julgava merecer na investigação dessas contas.
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