São Paulo, quinta-feira, 31 de agosto de 2006

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Contas da facção opõem Saulo à cúpula da PM

MARIO CESAR CARVALHO
KLEBER TOMAZ
DA REPORTAGEM LOCAL

O secretário da Segurança Pública de São Paulo, Saulo de Castro Abreu Filho, criou uma frente de atrito com a cúpula da Polícia Militar e com o Ministério Público Estadual ao mesmo tempo. A razão do conflito é o mapeamento das contas bancárias que seriam mantidas por integrantes da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital).
Saulo considerou-se preterido pela Polícia Militar pelo fato de um oficial que trabalha no mapeamento das contas ter passado dados para o Ministério Público e para o Departamento de Recuperação de Ativos, do Ministério da Justiça, antes de informá-lo.
O secretário cogitou afastar o major do grupo que investiga essas contas, mas foi demovido da idéia pelo comando da PM.
Na última semana, um tenente-coronel que trabalhava junto com o Ministério Público nessa tarefa foi afastado do mapeamento das contas, mas por ter sido promovido a coronel. Como o topo de carreira no serviço reservado da PM é para a patente de tenente-coronel, esse oficial teve de sair dessa área da polícia, que cuida das investigações mais delicadas e do trabalho de inteligência.
As contas do PCC são investigadas em São Paulo por promotores do Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Repressão ao Crime Organizado) em conjunto com oficiais do serviço reservado da PM.

Inimigo
Saulo, que foi promotor, trata como inimigo o procurador-geral de Justiça do Estado de São Paulo, Rodrigo César Rebello Pinho. Uma das razões da rivalidade é que Pinho encaminhou ao Tribunal de Justiça uma acusação formal contra Saulo por abuso de poder.
A acusação de abuso contra Saulo refere-se ao episódio ocorrido no ano passado no restaurante Kosushi, no qual o secretário irritou-se com o dono do local porque ele teria instalado cones na rua sem autorização e ordenou a sua prisão. Depois, apurou-se que o dono do restaurante não era o responsável pela lentidão no trânsito que irritara Saulo.
Com os primeiros ataques do PCC, em maio deste ano, Pinho passou a cobrar do secretário a lista dos mortos pela polícia nos conflitos, e a animosidade entre os dois aumentou. Ameaçou processar o secretário caso a lista não fosse entregue no prazo de 72 horas.
Após os ataques da facção criminosa, o Ministério Público ficou uma semana sem receber os sinais do Infocrim, a base de dados com informações criminais mantida pela Secretaria de Segurança.
A secretaria e a Prodam, companhia municipal de processamento de dados, atribuíram a falha ao excesso de consultas ao Infocrim.
Não é só no relacionamento com o Ministério Público que Saulo tem problemas. A cúpula da PM considera-se injustiçada porque não recebeu o crédito que julgava merecer na investigação dessas contas.


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