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SAÚDE
Falta de proteção prejudica lavrador
Pesquisa liga uso de agrotóxico e suicídio
FÁBIO ZANINI
da Agência Folha, em Florianópolis
Pesquisa da Secretaria da Saúde
de Joinville (SC) concluída na semana passada constatou indícios
de uma relação entre o suicídio de
trabalhadores rurais e o uso de
agrotóxicos sem equipamentos de
proteção em lavouras de arroz na
cidade.
Desde o início de 1996, houve oito suicídios e uma tentativa entre
lavradores de arroz em Joinville
(180 km ao norte de Florianópolis), em um universo de 600 famílias. O índice de suicídios considerado "normal", dentro da média
nacional, em uma comunidade
desse tamanho seria de uma ocorrência a cada dez anos.
"O uso de agrotóxicos sem proteção nas plantações de arroz da
região ocorre há mais de 50 anos.
Mudar esse comportamento é um
desafio", disse a médica Maria
Abreu Artilheiro, do programa
Saúde da Família, uma das coordenadoras do estudo.
De acordo com ela, o uso diário
do agrotóxico, pulverizado na
plantação pelo próprio agricultor,
pode causar dor de cabeça e depressão, que poderia, aliada a outros fatores, levar ao suicídio.
"Não se pode dizer que os suicídios tenham sido causados unicamente pelos agrotóxicos, mas há
fortes evidências de que essas
substâncias tiveram uma participação efetiva", declarou a médica.
A contaminação ocorre, na
maioria dos casos, pelo contato
com a água. As plantações de arroz, na região, são feitas em terrenos encharcados, que retêm grande quantidade do produto tóxico.
"Ao caminhar descalço, o trabalhador acaba absorvendo o veneno. Após anos de um contato
constante, é possível a ocorrência
de distúrbios psíquicos", disse.
Além de botas, o uniforme mínimo para uma pulverização segura
do veneno deveria incluir luvas,
aventais e máscaras. O custo, segundo a médica, é de R$ 60.
A secretaria está visitando todas
as propriedades rurais do município para conscientizar as famílias a
comprar e usar proteção.
"O lavrador é incentivado a usar
sem critério o agrotóxico. O próprio governo federal exige a imunização, mas se omite sobre os cuidados", diz Antoninho Rovaris, da
Federação dos Trabalhadores na
Agricultura de Santa Catarina.
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