São Paulo, Terça-feira, 31 de Agosto de 1999
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NA POLÍCIA
Ministério Público deve denunciar vereadora sob acusação de peculato e formação de quadrilha
Polícia espera cassação de Maeli para concluir inquérito e sugerir denúncia

JOÃO CARLOS SILVA
da Reportagem Local

A polícia vai esperar a decisão de hoje dos vereadores paulistanos sobre a cassação de Maeli Vergniano para anunciar a conclusão do inquérito que investiga o envolvimento da parlamentar paulistana em irregularidades na Administração Regional de Pirituba.
A Folha apurou que o inquérito vai sugerir que a vereadora seja denunciada pelo Ministério Público sob a acusação de peculato e formação de quadrilha e incluirá o pedido de quebra do sigilo bancário da parlamentar.
A decisão de não concluir o inquérito, segundo apurou a reportagem, tem o objetivo de não "influenciar" o julgamento na Câmara. Em sessão especial, os vereadores vão decidir se acatam o relatório da comissão processante, encerrado na semana passada, e aprovam sua cassação por falta de decoro parlamentar.
A cassação é decidida com o voto de 37 de 53 vereadores -o autor da denúncia, vereador José Eduardo Cardozo (PT), e a parlamentar não votam.
A Folha procurou ontem a advogada de Maeli, Tânia Liz, para falar sobre o assunto, mas ela não respondeu ao recado deixado pela reportagem em seu escritório em São José dos Campos.
A vereadora também não falou sobre o assunto depois que sua cassação foi pedida pela comissão processante, na quinta-feira.
O delegado Romeu Tuma Jr., responsável pelas investigações, não quis se manifestar sobre a possibilidade de a conclusão do inquérito também envolver o pedido de prisão da vereadora.

Indiciamento
O pedido que a polícia fará após a decisão da Câmara é o último passo do inquérito que apurou denúncias de irregularidades na Administração Regional de Pirituba, que foi controlada politicamente por Maeli.
Ela foi indiciada (acusada formalmente) sob a acusação de peculato (apropriação de bens ou valores públicos) e formação de quadrilha. Cabe ao Ministério Público apresentar a denúncia para que Maeli seja julgada.
A vereadora começou a a ser investigada pela CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da máfia da propina. A partir dessa investigação surgiu a denúncia contra a vereadora e a abertura da comissão processante. O último passo desse processo é a cassação ou o arquivamento do pedido.

Acusação
Nas investigações da Câmara e da polícia, as acusações contra a vereadora são as mesmas. Ele é acusada de usar para fins pessoais um carro da Vega Ambiental.
A empresa presta serviços de limpeza na Regional de Pirituba e cede o carros para que funcionários da unidade façam a fiscalização do serviço.
Ele também é acusada de participar de um esquema de cobrança de propina na regional e de coagir testemunhas e integrantes da CPI que a investigou.
"Existem tantas provas materiais coletadas no inquérito (da Regional de Pirituba) que não tenho dúvida que nós vamos oferecer condições para que o Ministério Público faça a denúncia e para a Justiça condená-la", disse ontem o delegado Romeu Tuma Jr.
Não havia a mesma certeza ontem sobre a cassação no Legislativo. Na Câmara, circulava ontem um boato entre vereadores governistas de que Maeli teria o apoio de mais de 17 parlamentares. São votos suficientes para que o pedido de cassação seja arquivado.


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