São Paulo, Terça-feira, 31 de Agosto de 1999
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CLIMA
Aumento é de 99,5% em relação ao ano passado; secretário do Meio Ambiente descarta rodízio estadual
Queimadas dobram neste ano em SP

MARCELO OLIVEIRA
da Reportagem Local

O número de queimadas no Estado de São Paulo cresceu 99,5% neste ano em relação ao ano passado, segundo dados coletados pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).
Foram registrados 1.157 focos dos dias 1º a 29 deste mês, contra 580 em todo o mês de agosto do ano passado no Estado.
Segundo Gilvan Sampaio, do setor de monitoramento de queimadas do Centro de Previsão e Estudos Climáticos (Cptec), do Inpe, agosto é sempre o mês em que se registra o maior número de queimadas, principalmente nas regiões canavieiras do Estado.
"Não tenho dúvidas de que mais de 80% dos focos surgiram por ação do homem, mas o tempo seco contribuiu para o surgimento de focos de incêndio", disse.
Nas áreas norte e oeste do Estado já não chove há mais de 30 dias.
Na Grande São Paulo, o Inpe não registra chuvas há 10 dias, tempo suficiente para a vegetação secar e propiciar novos focos.
Outro fator que ajuda a explicar o aumento das queimadas no Estado é o crescimento da área cultivada. Entre as safras 96-97 e 97-98, as lavouras cresceram 3%.
As queimadas, segundo Sampaio, estão contribuindo para o aquecimento de regiões do interior do Estado.
Na região de Campinas, onde não chove há 70 dias, foram registrados 40 focos de incêndios em áreas rurais entre domingo e ontem, quando, no mesmo período do ano, normalmente são detectados 20 focos de fogo em matas.
A fumaça das queimadas contribuiu para que, pela segunda vez em cinco dias, a região entrasse em estado de alerta devido à baixa umidade relativa do ar (quantidade de água espalhada pela atmosfera), que atingiu 18,1% às 14h50 de ontem. O índice é o menor dos últimos três anos.
Há risco de racionamento de água em cidades como Sumaré, Hortolândia e Jaguariúna, devido à falta de chuvas. Há oito dias a umidade relativa do ar na região está abaixo de 30%.
Apesar de não haver previsão de chuva para a Grande São Paulo nos próximos dias, o que dificulta a dispersão de poluentes, o secretário do Meio Ambiente, Ricardo Tripoli, voltou a descartar o rodízio estadual ontem, que só ocorrerá se houver excesso de poluição por monóxido de carbono. Ontem foi decretado estado de atenção na Mooca, mas por excesso de ozônio.
Ontem foi o dia mais seco do ano em Brasília. A umidade relativa do ar nas horas mais quentes (entre as 12h e as 16h) foi de 19%. A previsão para hoje é que a umidade oscile entre 15% e 20%.


Colaboraram a Folha Campinas, a Sucursal de Brasília e a Reportagem Local


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