São Paulo, Terça-feira, 31 de Agosto de 1999
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POLÍCIA
Neste mês, 20 policiais militares foram assassinados; dois morreram quando estavam em horário de trabalho
Maioria dos PMs morre fora de serviço

ANTONINA LEMOS
da Reportagem Local

A maioria dos policiais militares que foram mortos neste mês no Estado de São Paulo estava fora de serviço. Pelo menos um terço morreu quando fazia trabalhos por fora, os chamados "bicos".
Segundo a assessoria da Polícia Militar, 20 PMs foram mortos em agosto. Desses, 18 foram assassinados quando estavam fora de serviço. Até ontem, 170 soldados já haviam sido mortos neste ano em horários em que não estavam trabalhando para a corporação.
No ano passado inteiro, o número de PMs mortos fora do horário de trabalho foi de 218. Em 91, 73 policiais foram assassinados quando estavam de folga.
Os últimos três crimes ocorreram no final de semana. Sexta-feira, o PM Alexandre Severino da Silva foi morto após reagir a um assalto quando trabalhava como motorista de uma lotação. No sábado, foi morto o PM Marco Aurélio Pires. Outro crime aconteceu anteontem (leia ao lado).
Segundo o capitão Edson de Jesus, do setor de Relações Públicas da PM, os policiais morrem principalmente porque reagem a assaltantes. "Mesmo quando não está trabalhando, o policial continua agindo como policial. O problema é que ele age muitas vezes estando desprotegido", disse.
De acordo com ele, a PM está organizando cursos e produzindo vídeos para relembrar conceitos de segurança aos policiais.
Segundo o Sindicato de Cabos e Soldados da Polícia Militar, 80% dos policiais que são assassinados morrem quando estão fazendo trabalhos fora da PM.
O presidente do sindicato, Wilson de Oliveira Morais, afirma que 80% fazem bicos, principalmente como seguranças.
"Quando faz bico, geralmente ele está sozinho, sendo que o trabalho do PM é feito em dupla."
Outro motivo, segundo ele, é que os policiais costumam ser mais visados pelos assaltantes.
"Os assaltantes geralmente já sabem que o segurança é PM e chegam ao local já atirando para matar." Ele afirmou que o sindicato está tentando marcar uma reunião com o governador Mário Covas para discutir o problema.


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