|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Menor diz que nada
poderia evitar roubo
da Reportagem Local
Os adolescentes infratores discordam das mães, dos irmãos e
dos especialistas. Na opinião deles, nenhuma política pública de
assistência poderia ter evitado
que cometessem os delitos.
A Folha conversou com dois
desses internos na sexta enquanto
eles aguardavam suas audiências
no Departamento de Execuções
da Infância e da Juventude. Ambos estão internados na Febem
Tatuapé por roubo, moravam
com as famílias, estudavam, e os
parentes estavam empregados.
"Eu conheci os "maluco" na rua.
Aí eles me chamaram para fumar
maconha. Fumei. Me chamaram
para cheirar uma farinha. Cheirei.
Me chamaram para fazer uma fita
com eles e pronto. Foi um carro o
primeiro. Caí na vida do crime."
É assim que O., 15, relata como
começou a roubar. Ele é reincidente -foi internado pela primeira vez aos 12 anos, voltou em
dezembro passado e já não sabe
quantos assaltos fez.
"Foi mercado, firma, carro. Não
sei quanto, não, senhora", afirma,
dizendo que fez vários reféns, mas
"só atirou duas vezes".
Ele sustenta que a família lhe
dava o que precisava, mas diz que
não bastou. "Minha coroa é pampa. Não tinha violência. Mas faltava adrenalina, senhora."
O relato é parecido com o de R.,
17. "Não tinha jeito, senhora. Sou
errado. Ia fazer de qualquer jeito.
Quero ter as minhas coisas sem
depender dos outros."
Ambos afirmam que não querem voltar à criminalidade, "mas
se cruzar com os "maluco" errado
vai na febre".
(SC)
Texto Anterior: Famílias culpam o Estado e buscam solução na religião Próximo Texto: "Vi gente morrendo, não aprendi nada" Índice
|