São Paulo, Domingo, 31 de Outubro de 1999
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Gangues de menores ditam regras e formam poder paralelo

do "Agora São Paulo"

Como nas penitenciárias, várias unidades da Febem estão sob o comando de grupos formados por menores infratores que moravam no mesmo bairro ou por antigos parceiros de infração. São as chamadas "bancas" ou "firmas", que já constituem uma espécie de poder paralelo atrás dos muros da instituição.
Os grupos garantem proteção pessoal a seus integrantes e usam de seu poder para obter pequenas vantagens dos demais internos.
"Se eu não tô a fim de fazer um trabalho, eu chego e falo para alguém que não é da minha firma para fazer para mim, porque se não a gente cola (agride) ele", diz M.F.G., 17 anos, da "Banca Elite" de Itapecerica da Serra.
M.F.G. já foi internado duas vezes na Febem (ambas por assalto a mão armada). Livre há um ano, foi detido na semana passada dentro de um carro roubado e com um revólver calibre 38.
Pela regra, só entra nas "firmas" quem já conhece alguém do grupo. Caso contrário, é preciso pagar pelo direito de andar com a gangue. A moeda é a mesma das cadeias: maços de cigarro.
"Os caras da Imperial já enforcaram um safado dentro do barraco (quarto) com o lençol. Ele ficava olhando para as mulheres que vinham visitar uns "irmãos'", diz A. J., 16 anos, referindo-se à "Banca do Jardim Imperial" (zona noroeste), que diz integrar.
De acordo com relato de funcionários e de ex-internos, as "firmas" mais conhecidas nas unidades são a do JB (Jardim Brasil), Brasilândia, Zona Leste, Osasco, Santos e Ribeirão Preto.
Os grupos também costumam dar dicas aos membros que estão prestes a deixar a Febem sobre locais fáceis de assaltar.
(MARCOS DE MOURA E SOUZA)


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