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Gangues de menores ditam
regras e formam poder paralelo
do "Agora São Paulo"
Como nas penitenciárias, várias
unidades da Febem estão sob o
comando de grupos formados
por menores infratores que moravam no mesmo bairro ou por
antigos parceiros de infração. São
as chamadas "bancas" ou "firmas", que já constituem uma espécie de poder paralelo atrás dos
muros da instituição.
Os grupos garantem proteção
pessoal a seus integrantes e usam
de seu poder para obter pequenas
vantagens dos demais internos.
"Se eu não tô a fim de fazer um
trabalho, eu chego e falo para alguém que não é da minha firma
para fazer para mim, porque se
não a gente cola (agride) ele", diz
M.F.G., 17 anos, da "Banca Elite"
de Itapecerica da Serra.
M.F.G. já foi internado duas vezes na Febem (ambas por assalto
a mão armada). Livre há um ano,
foi detido na semana passada
dentro de um carro roubado e
com um revólver calibre 38.
Pela regra, só entra nas "firmas"
quem já conhece alguém do grupo. Caso contrário, é preciso pagar pelo direito de andar com a
gangue. A moeda é a mesma das
cadeias: maços de cigarro.
"Os caras da Imperial já enforcaram um safado dentro do barraco (quarto) com o lençol. Ele ficava olhando para as mulheres
que vinham visitar uns "irmãos'",
diz A. J., 16 anos, referindo-se à
"Banca do Jardim Imperial" (zona noroeste), que diz integrar.
De acordo com relato de funcionários e de ex-internos, as "firmas" mais conhecidas nas unidades são a do JB (Jardim Brasil),
Brasilândia, Zona Leste, Osasco,
Santos e Ribeirão Preto.
Os grupos também costumam
dar dicas aos membros que estão
prestes a deixar a Febem sobre locais fáceis de assaltar.
(MARCOS DE MOURA E SOUZA)
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