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DESABAMENTO
Crea diz que, isoladas, falhas no projeto dos pilares não teriam causado a queda
Obra malfeita derrubou o Palace 2
SERGIO TORRES
da Sucursal do Rio
Falhas no projeto de dois pilares
e uma suposta má execução da
obra causaram o desabamento do
edifício Palace 2, concluiu o Crea
(Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura) do Estado do
Rio. De acordo com o Crea, se a
obra de construção tivesse sido
bem feita, o edifício não cairia
mesmo com os pilares em situação
de fragilidade.
O desabamento parcial do Palace 2 ocorreu no dia 22 de fevereiro
deste ano. Oito moradores morreram soterrados. Dias depois, o
restante do prédio foi implodido.
O edifício foi erguido pela construtora Sersan, pertencente ao
ex-deputado federal Sérgio Naya.
Após o desabamento, Naya foi
cassado na Câmara dos Deputados. O Crea do Rio o proibiu de
exercer a engenharia.
Segundo o presidente do Crea,
José Chacon de Assis, houve "erro grosseiro no dimensionamento" dos pilares P-4 e P-44 do Palace 2. "Sozinho, isso não teria
acarretado a queda do prédio. A
queda foi uma combinação de erros no projeto dos pilares e do fato
de a obra não ter sido feita conforme a boa técnica", disse ele.
A comissão montada pelo Crea
para apurar as causas do desastre
concluiu que, entre outras irregularidades, a construtora não teria
protegido as armaduras de aço
dos pilares com ganchos e revestimentos de concreto.
A falta de proteção teria causado
a oxidação do aço das estruturas,
o que, segundo o Crea, contribuiu
para o desabamento.
A Folha tentou ouvir ontem o
advogado de Naya, Nilo Batista.
Ele não foi localizado. A defesa de
Naya sustenta que o desabamento
foi provocado por erro estrutural,
de responsabilidade do projetista,
e não da Sersan.
Responsável pelo projeto estrutural do edifício, o arquiteto José
Roberto Chendes, que mora em
Brasília, disse, em depoimentos
oficiais, que não cometeu os erros
apontados pelo Crea e pelo Instituto de Criminalística Carlos Éboli, da Polícia Civil do Rio.
Naya teve seus bens e das empresas que dirige embargados pela
Justiça, como garantia de que as
vítimas serão indenizadas. Enquanto o caso não chega a uma solução judicial, 50 famílias, desabrigadas desde o desabamento,
continuam morando em hotéis.
O analista de sistemas Rui Fetal,
que era dono de apartamento no
Palace 2, disse ontem que a situação dessas famílias é dramática.
"Eu me sinto em uma prisão vivendo dentro de um hotel. É um
desgaste familiar muito grande.
Lamento que a Justiça brasileira
seja tão morosa. Estamos vivendo
um drama terrível há dez meses."
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