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Governo paulista 'esquece' 43 assassinatos

Secretaria da Segurança Pública atribui falha em parte dos casos a 'erros de registro'

LÉO ARCOVERDE
DO ‘AGORA’

O governo do Estado deixou de incluir ao menos 43 homicídios nas estatísticas oficiais de violência referentes ao período de janeiro a outubro deste ano.

A Secretaria da Segurança Pública admite parte do problema e atribui a maioria dos casos a "erros de registro".

Não constam das estatísticas assassinatos registrados em delegacias de plantão de bairros vizinhos aos locais dos crimes, mortes cometidas por PMs de folga em reações a roubos e casos nos quais vítimas de tentativa de homicídio morreram em hospitais horas ou dias depois.

Esses assassinatos representam 5,29% das 812 mortes intencionais registradas na capital de janeiro a outubro.

A reportagem forneceu à secretaria detalhes (nome da vítima e data do fato) dos 43 casos não contabilizados. A pasta analisou caso a caso.

De acordo com a secretaria, 15 casos serão incluídos nas estatísticas a serem divulgadas hoje (referentes ao período de janeiro a novembro).

As 11 mortes cometidas por PMs de folga constam de balanços publicados no "Diário Oficial do Estado". A secretaria não respondeu, no entanto, o motivo de as delegacias não os contabilizarem.

Três casos foram registrados, segundo a secretaria, nos meses seguintes aos dos crimes. Boletins de ocorrência de dois homicídios não foram localizados pelas delegacias. As outras 12 ocorrências serão computadas a partir de janeiro, mediante o envio de ofícios por parte dos delegados investigados à secretaria.

A Secretaria da Segurança disse que o órgão que divulga as estatísticas apenas consolida os dados encaminhados pelas delegacias.

O secretário de Estado da Segurança Pública, Antonio Ferreira Pinto, determinou a abertura de procedimentos administrativos disciplinares contra os delegados que não tomaram providências para corrigir os dados criminais.

A pasta disse que faz desde setembro auditoria de todos os casos de homicídios dolosos. Esse processo, diz a pasta, está gerando alterações frequente nos dados, com o objetivo de obter informações estatísticas cada vez mais qualificadas.

A secretaria disse que as correções com os dados levantados pela reportagem serão publicados no "Diário Oficial do Estado".

Fabiano Angélico, especialista em transparência governamental, diz que disponibilizar dados criminais em um site sem apresentar a metodologia do levantamento "não é ser transparente".

"Não basta divulgar, tem que garantir a integridade dos dados, para que as pessoas possam tirar conclusões por meio da consulta.

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