Morador da Paulista transforma casa em camarote no Ano-Novo

Às vésperas da virada de ano, moradores da avenida Paulista, em São Paulo, enfrentam o assédio dos amigos e conhecidos que buscam companhia e um camarote com vista privilegiada para a festa do Réveillon.

E a procura é grande: afinal, são poucos os edifícios residenciais na avenida mais famosa da cidade -a Associação Paulista Viva estima que sejam em torno de 15 residenciais, três de uso misto e 73 comerciais. Juntos, os prédios residenciais somam cerca de 5.000 moradores.

"Tenho amigas que só ligam nessa época", diverte-se Célia Vitorino, 52, que mora a uma quadra do palco e ao lado do parque Trianon.

O apartamento da micro-empresária Ineuva Rodrigues, 52, no mesmo prédio, também enche: no ano passado, 24 pessoas passaram por lá. Neste ano, já são dez... e contando.

"Ninguém quer ficar o tempo todo lá embaixo nem usar o banheiro da rua. Não dá", diz Ineuva, que se une à multidão até a 1h para assistir aos shows e depois volta para casa. "Aí vejo da janela", diz.

Mas há também quem prefira fugir da festa devido ao movimento -só nesta edição, a organização estima que mais de 2 milhões de pessoas participem do evento.

O engenheiro Alexandre Teixeira de Souza, 33, é um deles. Ele já decretou: deve viajar para um sítio. "Não gosto dessa muvuca. Você não consegue entrar nem sair da avenida."

A vista que ele tem do terceiro andar, no entanto, já gerou até ofertas de aluguel temporário por amigos. "Já quiseram pagar R$ 2.000 só para passar o Ano-Novo aqui enquanto eu ia viajar", diz. Ele não topou a proposta.

A advogada Helena Maria Rogê Ferreira, 64, também muda de endereço por causa da festa. "Não aguento tanto barulho", diz.

Assista à reportagem: folha.com/no1027789