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Após suspeitas de fraude, MEC fará auditoria na Unip

Objetivo é 'aprofundar investigações' pois defesa apresentada se mostrou 'frágil'

MEC anunciou ainda o descredenciamento da Universidade São Marcos, o que levará ao seu fechamento

FLÁVIA FOREQUE
DE BRASÍLIA

O Ministério da Educação fará uma auditoria na Unip -uma das maiores universidades do país- para investigar as denúncias de que a instituição teria fraudado o Enade, exame que avalia a qualidade do ensino superior, selecionando apenas os melhores alunos para realizá-lo.

Na avaliação do MEC, a defesa da Unip, apresentada à pasta na semana passada, se mostrou "frágil". A medida tem o objetivo de "aprofundar as investigações", informou, por meio de nota.

A auditoria será feita por técnicos do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais) e da Secretaria de Regulação e Supervisão do Ensino Superior. O prazo para conclusão é de 60 dias.

O ministério decidiu ainda fazer uma avaliação "in loco" dos cursos da universidade em fase de renovação de reconhecimento.

O procedimento é feito a cada três anos e leva em conta aspectos como o corpo docente, o projeto pedagógico e a infraestrutura da instituição.

A suspeita é de que a Unip reprovava estudantes com notas medianas e baixas do penúltimo semestre. Dessa forma, eles não passavam para o último semestre, quando a prova é obrigatória. Após o período de inscrição do Enade, o aluno era então aprovado.

A denúncia pesou para a decisão do ministério de analisar de perto a qualidade do ensino oferecido.

Ainda na semana passada, o ministro Aloizio Mercadante (Educação) anunciou mudança nas regras do Enade por conta da possível prática da Unip. A partir deste ano, não só os alunos do último semestre, mas também os do penúltimo farão o exame.

O ministério afirmou que adotará as mesmas medidas em casos semelhantes de manipulação do Enade.

SÃO MARCOS

O MEC também anunciou o descredenciamento da universidade São Marcos, o que significa o seu fechamento.

"A instituição deverá providenciar a transferência dos alunos e a entrega da documentação acadêmica aos interessados em 90 dias", informou a pasta.

Apenas alunos que estão para se formar nesse período terão o processo concluído.

O MEC aponta irregularidades na gestão administrativa e financeira da universidade -ela foi despejada em dezembro de uma de suas sedes, por exemplo- e também no descumprimento de medida anterior que a impedia de continuar ofertando cursos.

Após o despejo por conta de uma dívida de R$ 3 milhões em aluguéis atrasados com a Congregação das Irmãzinhas da Imaculada Conceição, o curso de psicologia passou a funcionar em um prédio próximo ao do antigo campus, no Ipiranga (zona sul).

No início da noite, os alunos desconheciam o anúncio do descredenciamento. "Não estava sabendo. Espero que não aconteça", disse Adriana, 24, que pediu para não ter o sobrenome divulgado.

"Ninguém estava sabendo de nada. Todos foram pegos de surpresa", disse uma aluna do nono semestre, que não quis se identificar.

"Estava tudo normal até agora. Acho que nem os professores tinham ideia", disse outra estudante, do sétimo semestre.

Na época do despejo, a universidade tinha cerca de 2.000 alunos

Colaborou LUCCA ROSSI, de São Paulo

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