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Análise

Sem investir em inteligência, polícia paulista enxuga gelo

CAROLINA RICARDO
ESPECIAL PARA A FOLHA

São Paulo reduziu significativamente os homicídios na primeira década dos anos 2000. Mesmo com oscilações, estamos longe do patamar de dez anos atrás.

Hoje, os crimes contra o patrimônio praticados com violência são o desafio.

Sequestros-relâmpago, latrocínios e roubos (arrastões incluídos) vêm assustando a população. Quais lições tiramos da experiência de redução dos homicídios para lidar com esse novo fenômeno?

A primeira é a importância de um bom diagnóstico. Sem entender a dinâmica por trás dos crimes é impossível elaborar respostas adequadas.

Arrastões praticados em restaurantes por grupos armados são diferentes de roubos pontuais sem armas.

No caso dos homicídios, conhecer o perfil das vítimas, instrumentos utilizados, locais mais vulneráveis e horários, proporcionou estratégias mais eficazes. É preciso fazer o mesmo com os crimes contra o patrimônio.

A segunda lição é que um bom trabalho de investigação tem impacto na redução dos crimes, desmobilizando quadrilhas e coibindo criminosos diante da possibilidade real de serem identificados.

A criação de uma unidade para investigar homicídios ajudou a reduzir as mortes. São Paulo já conta com uma equipe que investiga latrocínios, mas falta investir na capacidade mais ampla de investigar diferentes tipos de crimes contra o patrimônio praticados com violência.

A maioria das prisões ocorre em flagrantes, sem investigação. É preciso mudar a lógica. Sem investimento em inteligência, continuaremos enxugando gelo.

CAROLINA RICARDO é advogada, cientista social e coordenadora de Gestão da Segurança Pública do Instituto Sou da Paz

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