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Tentativa anterior acabou em depressão

Agora, só com o passaporte liberado mãe e filho saberão do reencontro

A intenção é não criar expectativas que frustrem os dois; 'abrasileirado', garoto esqueceu língua natal

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE PORTO PRÍNCIPE
DE SÃO PAULO

Obrigado a viver longe da família, o garoto haitiano já se "abrasileirou". Esqueceu o creole -uma das duas línguas oficiais do Haiti- fala português fluente, cursa o terceiro ano numa escola pública de São Paulo, torce pelo Corinthians e pratica capoeira.

Ele vive em um abrigo com outras 20 crianças e fez três amigos "inseparáveis", segundo o coordenador da casa, André Penalva, 35.

Penalva acha que o garoto terá dificuldade de se adaptar à nova realidade, quando finalmente puder se reunir à família na Guiana Francesa. "Mas é o que ele mais quer."

Em duas ocasiões, eles foram informados de que a situação se resolveria e o garoto chegou a preparar as malas e a fazer um cartão de Dia das Mães - ele guarda o bilhete até hoje.

Quando a tentativa fracassou, o adolescente chorou e chegou a ter momentos de depressão e dificuldade de se socializar com os outros.

Para protegê-lo de nova decepção, Penalva diz que ainda não contou a ele sobre a obtenção do passaporte.

O mesmo decidiu o consulado brasileiro em Caiena, para evitar frustrações da mãe.

"Eu preferi não falar ainda para ela justamente para não criar expectativas. Vamos esperar o documento efetivamente sair", disse a consulesa Ana Lélia Beltrame.

Mãe e filho conversam a cada 15 dias em videoconferências, para estreitar os laços. As conversas duram até duas horas e precisam ser mediadas por um tradutor, já que o garoto se esqueceu da língua nativa.

(RENATO MACHADO E CRISTINA MORENO DE CASTRO)

Leia a entrevista com André Penalva:
folha.com/no1105626

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