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Em comboio, bikes tentam criar 'escudo anticarro'

Depois de Sydney e Toulouse, ação chega amanhã a São Paulo

Roteiro inaugural sairá às 8h de Pinheiros e seguirá por ruas pouco movimentadas em direção à Vila Olímpia

MARIANA DESIDÉRIO
DE SÃO PAULO

Levar uma fina de uma moto apressada, trombar com a porta do carro de um motorista descuidado, ser fechado por um ônibus numa curva perigosa. Os riscos para quem pedala nas ruas de uma cidade como São Paulo são muitos. Mas, em grupo, eles ficam um pouco menores.

Foi exatamente para garantir sua segurança que dois ciclistas resolveram organizar um comboio de bikes para ir e voltar do trabalho.

O nome -BikeBus- traduz bem a ideia: fazer um trajeto predefinido todos os dias, em horários determinados. Como uma linha de ônibus.

A iniciativa já acontece em Sydney (Austrália), West Yorkshire e Kingston (Reino Unido), Toulouse (França) e Orlando (EUA). Em São Paulo, houve uma experiência de um dia, no Dia Mundial Sem Carro, em setembro de 2011, com várias rotas pela cidade.

Agora, a ideia veio para ficar. O trajeto escolhido por Rafael Stucchi, 27, e Tom Buser, 29, organizadores da ação, foi Pinheiros-Vila Olímpia.

Engenheiros civis especializados em trânsito, os dois amigos moram perto e trabalham na mesma empresa. Eles já fazem esse trajeto juntos há cerca de um mês e resolveram chamar mais gente para pedalar. A "linha" está marcada para começar amanhã.

Os ciclistas se encontrarão às 8h, no McDonald's da avenida Henrique Schaumann com a Rebouças. De lá, seguem principalmente por ruas pouco movimentadas dos Jardins e do Itaim até chegar ao ponto final: o shopping Vila Olímpia. A volta está marcada para as 18h30.

"O comboio inspira mais segurança. Acho que um carro fica mais atento quando vê um grupo de bikes", diz Rafael. "Muita gente não tem coragem de ir sozinha pedalando."

CICLOVIAS

O percurso escolhido não passa por nenhuma ciclovia, ciclofaixa ou ciclorrota da prefeitura. Uma opção seria usar a ciclovia da avenida Faria Lima, mas atualmente ela está em obras.

Portanto, os ciclistas terão que dividir o espaço com os carros. Para o farmacêutico industrial Daniel Carvalho, 34, que vai participar do comboio, estar em grupo é fundamental. "Você fica mais visível e os motoristas respeitam mais."

Segundo a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), a cidade tem hoje 182,7 km de vias para ciclistas.

Destas, somente 54,4 km são de ciclovias -as únicas separadas fisicamente do restante do trânsito e de uso exclusivo de bicicletas.

Oded Grajew, da Rede Nossa São Paulo, que organiza o Dia Mundial Sem Carro, afirma que faltam vias do tipo na cidade. "O BikeBus é uma manifestação que chama a atenção para essa necessidade."

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