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Após arrastões, medo da violência dobra

Preocupação com segurança cresce em áreas nobres; no Jardim Paulista, o número aumenta cinco vezes

GIBA BERGAMIM JR.
DE SÃO PAULO

Lanterna na mão direita, Carla de Luca, 49, caminha rápido pelas ruas do Jardim Paulistano, área nobre da zona oeste. "É aquela paranoia característica de quem mora em São Paulo", conta ela, moradora do bairro há 40 anos.

Voluntária numa clínica de viciados no distrito rural Marsilac (extremo sul) -onde diz se sentir mais segura mesmo lidando com ex-detentos- ela está entre os 14% dos moradores que veem na falta de segurança o principal problema do seu bairro, como mostra a pesquisa Datafolha nos 15 distritos da zona oeste.

O medo da criminalidade mais que dobrou na comparação com levantamento de 2008 -o número era 6%.

Em frente à casa de Carla, uma vizinha levou um tiro de raspão durante um assalto. Casos assim traduzem a sensação de insegurança que afeta os nobres Jardim Paulista, onde a preocupação aumentou cinco vezes (3% para 15%) e Itaim Bibi -ali, triplicou (de 5% para 17%).

Os números são parecidos com os de distritos periféricos onde há mais crimes -no Rio Pequeno, a violência é o principal problema para 23%.

Esse temor coincide com as ondas de arrastões a condomínios e restaurantes ocorridos em 2011 e neste ano.

Levantamento da Folha mostra que 10 de 24 (42%) dos assaltos a restaurantes, entre janeiro e junho passados, ocorreram nos Jardins, Morumbi, Pinheiros e Perdizes.

Metade das 17 invasões a condomínios até agosto passado ocorreu na região.

Diante dos ataques, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) anunciou, em junho, ações em restaurantes. Uma delegacia só para investigar ladrões que agem em condomínios também foi criada.

"Vivemos essa dificuldade de enfrentar a violência. Há até um esforço da polícia, mas a criminalidade está crescendo", diz Julio Serson, morador do Jardim Europa e presidente da Ame Jardins.

Ele afirma que, até o final do ano, uma base da PM com sistema de monitoramento deve ser instalada na avenida Faria Lima -a obra será bancada por associados.

Condomínios também se "armaram" contra o crime. A empresa de segurança Haganá detectou crescimento de 40% na contratação de seus serviços na zona oeste.

"Essa procura aconteceu nas proximidades de prédios onde ocorreram invasões de quadrilhas", diz o diretor-executivo Chen Gilad.

Segundo o major Eliel Thomazi, coordenador do policiamento nos Jardins e Itaim Bibi, houve aumento do policiamento de motocicletas nas regiões onde ocorreram assaltos a restaurantes. "Os crimes diminuíram após essas operações", diz Thomazi.

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