São Paulo, quinta-feira, 01 de fevereiro de 2001

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A ÁGUIA POUSOU

Banco central americano confirma risco de recessão, baixa taxa para 5,5% ao ano e sinaliza com nova queda

EUA cortam juro pela segunda vez em 1 mês

Associated Press
O presidente do Fed, Alan Greenspan, chega para definir o juro


DE WASHINGTON

A confiança do consumidor e dos empresários dos EUA continua ladeira abaixo. Os riscos de recessão estão à vista. O próprio Alan Greenspan disse na semana passada que a economia havia quase parado. O mercado não esperava outra coisa que não a redução dos juros básicos da economia, para injetar-lhe ânimo e dinheiro.
Juros menores estimulam a tomada de empréstimos para consumo, investimento e evitam que bancos quebrem por causa do aumento do número de calotes. Greenspan, presidente do banco central dos EUA, o Fed, e seu comitê de política monetária reduziram os juros de 6% para 5,5%.
O Fed também sinalizou que poderá reduzir mais ainda as taxas em breve. Segundo comunicado da instituição, permanecem os riscos de "enfraquecimento econômico no futuro".
O Fed informou estar preocupado com a queda acentuada da confiança do consumidor norte-americano e com o corte drástico da produção industrial. "Essas circunstâncias pediram uma resposta rápida da política monetária", diz a nota.
Com a decisão de ontem, os EUA fecharam o mês de janeiro com uma redução acumulada de um ponto percentual nos juros de curto prazo, que são considerados o maior referencial da economia norte-americana. Os juros de curto prazo regulam empréstimos de um dia feitos entre bancos. Ao alterá-los, o Fed regula a oferta de dinheiro na economia. Quanto maior o corte das taxas, mais estimulados ficam consumidores (para comprar) e empresas (para investir). O Fed também reduziu a taxa de redesconto, na qual empresta dinheiro diretamente aos bancos comerciais, de 5,5% para 5% ao ano.
No início de janeiro, numa reunião extraordinária, o Fed já havia cortado a taxa em 0,5 ponto percentual, numa decisão realizada entre duas reuniões regulares do comitê de política monetária da instituição.
É a primeira vez, desde 1991, que o Federal Reserve reduz os juros em um ponto percentual num só mês. Isso reforça a impressão de que a desaceleração da economia norte-americana caminha seriamente em direção à recessão.
Curiosamente, essa desaceleração foi provocada pelo próprio Federal Reserve, por meio de um severo e cada vez mais polêmico aperto monetário nos últimos dois anos.
A imagem de Alan Greenspan, o homem à frente da instituição desde 87, é cada vez mais abalada por sua condução da política monetária nos últimos dois meses.
Sua fama de técnico duro e independente está gradualmente sendo substituída por uma de mortal inseguro e ansioso para agradar o novo ocupante da Casa Branca, George W. Bush.
O índice de confiança do consumidor despencou de 128,6 pontos em dezembro para 114,4 pontos em janeiro. A queda teria sido motivada pelo bombardeio de notícias de demissões em companhias como a DaimlerChrysler (26 mil) e a Amazon.
Ontem, o governo informou que o PIB (Produto Interno Bruto) cresceu 1,4% no último trimestre de 2000, a menor elevação cinco anos.
No dia anterior, uma pesquisa revelara que o índice de confiança do consumidor no país atingiu, em janeiro, o menor índice dos últimos quatro anos .
Velha e nova economia reagiram de forma diferente à decisão do Fed. O índice Dow Jones (velha economia) ficou praticamente estável fechando com alta de 0,06%. Já a Nasdaq caiu 2,31%.


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